18/4/1970: Tostão era reserva de Pelé
No dia a dia da prepação da melhor seleção de todos os tempos, Zagallo mantinha Tostão apenas como opção de Pelé. Dario seguia como titular.
Por Mauro Beting
Seleção chegou de Vasp fretado a Belo Horizonte naquele sábado, 18 de abril de 1970. No dia seguinte tinha seleção mineira dirigida por Telê Santana, então começando a carreira brilhante de treinador. Telê que, como jogador, fazia pela direita o que depois Zagallo faria pela esquerda: um ponta que voltava e fechava o meio-campo. Como o então treinador da Seleção queria de Paulo César Caju. Mas não vinha conseguindo no 4-3-3 proposto.
A preocupação maior da delegação brasileira em Minas era a condição clínica de um titular: o ponta-direita Rogério tinha sentido na véspera o músculo posterior da coxa direita. Mais uma vez. Jairzinho seria o seu substituto no Mineirão.
Rogério era a maior preocupação da comissão técnica. Não poucos já defendiam o corte dele por tantas lesões seguidas. E questionavam o porquê do doutor Lídio de Toledo ter sacrificado tão rapidamente Toninho Guerreiro e o zagueiro colorado Scala, ainda no início dos trabalhos em fevereiro, e ter tamanha paciência com o atacante do seu clube.
Tostão só dependia do oftalmologista o liberar para voltar de vez a campo. Uma hemorragia ocular preocupava. Ele estava quase pronto a retornar depois de seis meses parado pelo descolamento de retina. Mas Zagallo insistia na tese de que gostaria de um centroavante de área. Ou "ponta-de-lança" como ele preferia chamar um camisa 9.
Não queria um meia-atacante avançado. Como Tostão brilhava no Cruzeiro. Como tinha sido goleador nas Eliminatórias com Saldanha. Para Zagallo, Pelé e Tostão não jogariam juntos.
"Tostão é reserva. Nem por decreto eu tiro o Pelé do time".