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24/6/1970 - Brasil ainda em festa pelo tri

Segundo dia de celebrações da conquista do tri.

Por Mauro Beting

João Saldanha, em longa coluna em O GLOBO, pela primeira vez elogiou publicamente o seu sucessor no comando da Seleção, a partir de 18 de março de 1970: "Zagallo conseguiu dar mais consistência defensiva à equipe sem perder o extraordinário poderio ofensivo do Brasil".

Saldanha disse que o Brasil foi tricampeão mundial pela qualidade dos atletas, pela preparação e planejamento científicos e modernos, e pelos atletas que se comprometeram e aguentaram por 112 dias uma concentração tediosa no Retiro dos Padres e em Guanajuato (para se aclimatar à altitude).

A delegação chegara ao Brasil no dia anterior, na terça-feira, com desfiles em Brasília e no Rio. Na quarta-feira, os demais atletas voltaram às cidades de seus clubes.

Mais de dois milhões de torcedores foram às ruas de São Paulo receber os campeões que atuavam pelos clubes paulistas (exceto Gérson, Pelé, que foi direto para casa, em Santos, porque sua mulher não passava bem, e também Carlos Alberto, que ficou no Rio).

Rivellino, Clodoaldo, Edu, Zé Maria, Joel, Leão, Ado, Baldochi e o massagista Mário Américo foram recebidos pelo governador paulista Abreu Sodré, pelo prefeito paulistano Paulo Maluf, e pelos presidentes dos grandes clubes. O avião vindo do Rio chegou com mais de três horas de atraso a Congonhas, pousando às 13h.

Eles foram então de caminhão de bombeiros até o Vale do Anhangabaú, no centro da cidade, onde chegaram 14h20. 15h o evento acabou. Eles foram até a Câmara Municipal, ali perto, de onde enfim puderam ir para casa, em dia de frio e chuva fina, mas de muita gente na rua.

O prefeito paulistano seguiu prometendo um Fusca para cada atleta campeão no México. Vereadores eram contrários ao prêmio.

Em Niterói, Gérson, Roberto e Jairzinho receberam a ordem Nilo Peçanha do governador do Rio. Do prefeito da cidade ganharam um terreno em Araruama. Filhos de Gérson e Roberto e a mãe de Jairzinho ganharam uma caderneta de poupança. Depois da cerimônia, no final da tarde, saíram de novo em caminhão de bombeiros.

Em Belo Horizonte, Tostão, Piazza, Fontana, Dario e o massagista Nocaute Jack foram homenageados nas escadarias da Igreja São José, depois de terem chegado na hora do almoço a Minas Gerais.

Em Santos, Clodoaldo, Joel e Edu chegaram 18h30 da quarta-feira, com enorme festa. Carreata até o Parque Balneário, onde as homenagens terminaram pouco antes das 21h.

Em Porto Alegre, o gremista Everaldo chorou muito desde que o avião pousou, às 15h50. Ele chegou ao Palácio Piratininga às 17h, depois de um corso de 10km acompanhado por mais de 100 mil pessoas, mesmo com o frio de 10 graus.

No dia seguinte ele ganharia um Dodge Dart de uma concessionária. O mesmo veículo que guiaria em 27 de outubro de 1974, quando bateu numa carreta e morreu.

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