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A Champions fora de série e as Copas do Mundo

O que os Mundiais podem nos indicar e nos ensinar na reta de chegada da Champions de 2019-20.

A Champions League
A Champions League

Por Mauro Beting

Em 1934, a campeã Itália conquistou o primeiro de seus quatro canecos mundiais depois de, nas quartas-de-final, ter vencido a Espanha em jogo-extra. Venceu a Copa também na prorrogação, batendo a Tchecoslováquia por 2 a 1. Caso mais raro de equipe que jogou mais minutos em Copas que a outra finalista e ainda assim se sagrou vencedora. Na sua casa. Jogou 90 minutos a mais.

Em 1938, a Itália foi bicampeã mundial também atuando mais minutos que a vice (Hungria). Nas oitavas disputadas em sistema eliminatório, só na prorrogação superou a Noruega por 2 a 1. Jogou 30 minuto a mais de futebol que a vice.

Em 1950, na Copa com apenas 13 seleções, a ordem foi invertida, e nisso deu a lógica do menor desgaste. Enquanto o Brasil disputou três partidas na fase inicial, o Uruguai campeão no Maracanazo só jogou uma. A goleada por 8 a 0 sobre a frágil Bolívia. No quadrangular final, a Celeste Olímpica foi bicampeã mundial atuando 180 minutos a menos que o Brasil no Mundial.

Em 1954, a Alemanha surpreendeu a Hungria que não perdia havia cinco anos. Aqui há como discutir o desgaste: se no Mundial todo a Alemanha jogou 60 minutos a mais de futebol, a Hungria na semifinal passou por uma prorrogação que os futuros campeões alemães evitaram. Foram 30 minutos a mais de bola jogada para os húngaros mais próximos da decisão que seria perdida. E é dever dizer que a Alemanha usou uma escalação alternativa contra a própria Hungria na fase inicial (quando perdeu por 8 a 3)! O desgaste era similar.

Em 1970, a Itália chegou para a final contra o Brasil depois da desgastante e espetacular vitória na prorrogação na semifinal: 4 a 3 na Alemanha (1 x 1 no tempo regulamentar). O Brasil foi tricampeão mundial com maravilhoso futebol também pela meia hora a menos de futebol em relação ao rival (e tão próximo à disputa). Contra uma Itália que tinha tido parte do elenco afetado pelo Mal de Montezuma.

Em 1982, a Alemanha passou na semifinal nos pênaltis contra a França, depois de outra prorrogação fantástica: 1 a 1 nos 90 minutos, mais quatro gols no tempo extra. A conta chegou no segundo tempo contra a tricampeã Itália: levou os gols dos 3 a 1 para a Squadra Azzurra. A meia hora a mais de futebol pesou para a vice mundial.

Em 1986, mais uma prorrogação atrapalharia a Alemanha. Ainda que no México ela tinha sido disputada contra o dono da casa nas quartas-de-final. Vitória alemã nos pênaltis. Na final, a Argentina de Maradona (ou o Maradona da Argentina) venceu no finalzinho por 3 a 2. Meia hora de bola a mais pesou também contra os alemães.

Em 1990, o troco germânico no tri mundial. Contra a mesma Argentina que veio aos tangos e barrancos. Nas quartas-de-final, venceram a Iugoslávia nos pênaltis. Na semifinal, os italianos, do mesmo modo. A Alemanha só passou pela prorrogação na semifinal contra a Inglaterra, também superada nos pênaltis. Com meia hora a menos de futebol, a Alemanha venceu o Mundial

Em 1998, a França jogou mais minutos que o Brasil e foi campeã. Mas a Seleção de Zagallo se desgastou mais na semifinal vencida apenas nos pênaltis contra a Holanda. A França também tinha se classificado assim nas quartas contra a Itália. E ainda jogou 24 minutos de prorrogação até o Gol de Ouro contra o Paraguai, nas oitavas. Mas na conta fria: a França jogou 24 minutos a mais de bola que o vice e foi campeã mundial.

Em 2006, a Itália mais uma vez se superou na conquista do tetra: ganhou da dona da casa Alemanha no final da prorrogação por 2 a 0. E da França nos pênaltis. Jogou 30 minutos a mais na semifinal e emendou outra prorrogação na sequência. Dos quatro títulos mundiais, três vezes jogou mais minutos que o vice. Só em 1982 estava menos desgastada.

Em 2014, a Alemanha foi tetra com menos minutos em campo do que a vice Argentina. Mas ambas tiveram prorrogações já nas oitavas: os alemães venceram a Argélia por 2 a 1. Os argentinos a Suíca, por 1 a 0. Na semifinal, a Argentina só ganhou da Holanda nos pênaltis. Já a Alemanha, no Mineirão... Foram 30 minutos a menos de bola para os tetra mundiais, depois da terceira prorrogação.

Em 2018, a maior diferença de minutos para comprovar a tese (que acaba sendo mais equilibrada que a ideia inicial...). A Croácia foi vice depois de jogar mais meia hora de prorrogação nas oitavas contra a Dinamarca e a superar nos pênaltis. Nas quartas, mais meia hora e mais pênaltis contra a dona da casa Rússia. Mais meia hora croata na semifinal na virada contra a Inglaterra (ao menos aqui sem os pênaltis). No final das contas, com três prorrogações, os croatas foram vices da França bicampeã mundial jogando 90 minutos a mais (e mais duas disputas de pênaltis dilacerantes). É um jogo a mais de diferença. “Quase” os dois jogos a mais que o Brasil de 1950 teve em relação ao Uruguai bicampeão no Maracanazo.

No frigir das bolas: em 12 situações de Copas com finalistas tendo jogado diferentes tempos na competição, sete vezes quem estava MENOS desgastado foi campeão mundial; em cinco oportunidades quem estava MAIS desgastado foi o vencedor.

E para a Champions fora de série em 2020?

Também conta. Por mais que hoje a tecnologia minimize o desgaste, ele é ainda brutal porque o jogo hoje é mais corrido, veloz e intenso. E os atletas vindo do maior período de destreinamento da história.

Quem é que leva?

Quem se desgastar menos.

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