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A Queda da Matilha no Parque dos Príncipes

Sempre teremos Paris como pontapé inicial para uma conscientização tardia na luta contra o preconceito.

FOTO: RODRIGO VILLALBA
FOTO: RODRIGO VILLALBA

Por Mauro Beting

Amar os meus filhos, a minha mulher, meus pais, minha família, amigos, o meu Palmeiras, o meu futebol, meu ofício, pizza, comédia, música, livros: fácil. Prazeroso.

Respeitar outros credos, cores, sabores, ideias, práticas, teorias: complexo.

Mas necessário.

O mundo precisa mais de respeito do que de amor. Mais do que é mais difícil do que aquilo que é fácil.

Eu sou branco de pai e mãe. Mas eu sou gente como qualquer um. Sou bisneto de prussianos e italianos. Na terra de onde vieram meus bisavós paternos em 1862 o Nazismo matou milhões de judeus como são a minha cunhada e meus sobrinhos.

Não tenho ascendentes africanos. Tenho ascedentes da religião que, como tantas, deploravelmente aprovou ou tolerou a escravidão por séculos.

Sou branco. Mas antes de ser branco sou gente.

O que tinha para falar sobre o ato de racismo de um Á-R-B-I-T-R-O que deve zelar pela isonomia em campo eu falei na transmissão de Paris Saint-Germain e Istanbul Basaksehir pelo Facebook do Esporte Interativo e pelo aplicativo EIPLUS. No calor da emoção de um microfone quebrado logo no início do insulto racial que me impedia de falar, de um dos dias mais desafiadores da minha vida por motivos pessoais (o que também explica parte do que eu falei e do modo como falei), da minha indignação por perceber o que estava acontecendo, w da minha “satisfação” por ver acontecer algo que há anos eu defendo: a saída de todos os atletas quando um deles é insultado como aconteceu.

Todas as vidas importam. Sempre. Mas como algumas vidas são há séculos vilipendiadas, esquartejadas, despedaçadas, violentadas, desterradas, elas precisam ser mais compreendidas, defendidas, protegidas... RESPEITADAS.

Não sou preto. Sou branco. Mas sou humano. O que não significa que eu seja de esquerda - mas sou. “Lacrador” (o que é isso???). “Politicamente correto” - prefiro tentar ser o mais certo possível a ser o mais errado impossível.

Falei mesmo que se o jogo voltasse como parece que os donos dos botões e das boladas queriam, a transmissão não teria mais comentarista. Eu sairia junto. E não pela minha empresa defender a mesma bandeira. E não por eu trabalhar em outros seis lugares - inclusive em um em que eu tinha que transmitir outro jogo logo depois.

E falei o que milhões fariam apenas por ser o que muita gente parece não querer ser: humano. Logo, errado. Mas não tão errado quanto os coliformes mentais de bípedes que zurram intolerância e que postam o que pastam.

Hoje vai ter jogo. E tem que ter mesmo. E eu vou estar lá com Jorge Iggor que foi inefável de novo ao narrar o inenarrável.

Vamos falar de futebol. Vamos reiterar o que precisa ser dito.

E vamos mostrar para quem coloca no braço a palavra “RESPEITO” que não é só propaganda: é dever.

PS: A respeito do que disse o treinador do Benfica a respeito da falta de respeito no Parque dos Príncipes:

Jesus que perdeu nome: o time que você dirige agora foi o maior da Europa com Coluna e Eusébio de Moçambique. O time que você brilhantemente dirigiu em 2019 é mais preto que vermelho. É Leônidas. É Zizinho. Foi o seu de Gerson. É de milhões de brasileiros que não distinguem cor. Que são distintos por vestir um distintivo que também é escudo contra o preconceito.

Combater o racismo não é "moda". É o modo de combater a sua ignorância. A sua intolerância, Jorge que desonrou Jesus.

A nossa indignação por sua absoluta falta de respeito e empatia.

Jesus, honre o nome.

Jesus, você tem todo o direito como cidadão de falar o que pensa - embora não pense no que fale.

E eu tenho todo o direito de, como cidadão, deplorar uma fala tão absurda quanto abjeta.

Mister que você que tanto venceu no Brasil seja ao menos empata da próxima vez.

E não é "mistêr". Falei de "mistér" no sentido de "obrigação" de ser humano.

Algo que você não foi.

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