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A crise mostra o abismo social no futebol brasileiro

Neuer, goleiro do Bayern, deu declaração exemplar sobre corte nos salários. Mas nem todo mundo é Neuer. E muitos menos Bayern. A realidade no Brasil é totalmente diferente para julgar quem pode ou quem não pode abrir mão de dinheiro no final do mês

Neuer se mostrou favorável à redução de salários dos jogadores
Neuer se mostrou favorável à redução de salários dos jogadores (2020 Getty Images)

Por Bruno Formiga

Manuel Neuer foi alto e claro ao comentar a proposta de redução salarial no Bayern: "Os jogadores de futebol formam um grupo de profissionais especialmente privilegiados, por isso é evidente que temos que aceitar uma redução salarial quando for necessária". A frase é bonita. E mostra uma consciência rara por aqui no meio da boleiragem.

O problema é: Neuer não representa a maioria. Nem no senso crítico. E muito menos naquilo que ganha.

Ao entender que os privilegiados precisam se sacrificar nesse momento, Neuer reforça que a nata dos jogadores profissionais é formada por milionários. Famosos e bem pagos. Exceções que vivem numa bolha de conforto e prestígio.

Mas o goleiro alemão fala por poucos. Bem poucos. E essa sensação de que nesse momento de dificuldade e crise todo jogador pode passar batido e abrir mão do que ganha é tão inoente quanto injusto - principalmente no Brasil.

Levantamento feito em 2019 pela Pluri Consultoria aponta que 82% dos jogadores no Brasil ganham até R$1 mil. E que 13,6% ganham entre R$1 mil e R$5 mil. Uma outra pesquisa feita pela Folha de S. Paulo aponta que 1% dos jogadores aqui ganham mais do que os 78% mais pobres. E esse 1% representa a parcela que ganha mais de 50 mil por mês.

Ou seja, a esmagadora maiora dos atletas não pode se dar ao luxo de abrir mão de salário. Não só pelo valor que normalmente não é alto como também porque socialmente muitos desses jogadores são responsáveis diretos pelo sustento da casa e, por vezes, de outros parentes.

A declaração do Neuer é rara. E bonita. Mostra que os ricos podem e devem ter noção do seu lugar e do quanto podem fazer para um equilíbrio social. Mas no Brasil ela só atinge poucos. Pouquíssimos.

A minoria é Manoel Neuer. E a minoria é Bayern.

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