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Absolvição do City coloca Fair Play Financeiro em xeque

Uefa sai do episódio sabendo que o seu FPF vai ter muita dificuldade de pegar “peixes grandes” que souberem trabalhar com as brechas existentes nele

A conturbada relação recente entre City e Uefa ganha o seu capítulo mais explosivo
A conturbada relação recente entre City e Uefa ganha o seu capítulo mais explosivo

Por Vitor Sérgio Rodrigues

A vitória do Manchester City no recurso impetrado na Corte Arbitral do Esporte (CAS), em Lausanne, na Suíça, promete ter consequências graves para o Fair Play Financeiro (FPF) que a Uefa implantou no início desta década. Está institucionalizado que será muito difícil que algum clube seja punido por inflacionar suas receitas.

Antes que o torcedor do Manchester City ache que estou questionando o resultado do julgamento do recurso pela CAS, digo que não é isso. Não li o processo, não conheço os detalhes do caso para fazer tal afirmação. Pelo que li da decisão, a CAS entendeu que os fragmentos de e-mails vazados pelo jornal alemão Der Spiegel não eram provas para comprovar essa prática. Além disso, o caso era de 2013 e já estava prescrito. Então, juridicamente, a decisão da CAS é embasada.

Mas o ponto é que o Fair Play Financeiro só vai pegar realmente clubes cujas gestões forem temerárias, como alguns clubes turcos e o Milan foram punidos recentemente. Clubes que gastarem mais do que arrecadam de forma deliberada, descumprindo frontalmente o que mandam as regras. Agremiações que tenham um suporte financeiro “ilimitado”, cenário que ficou comum no futebol europeu neste século, nunca serão punidos pelo FPF.

Os casos de PSG e Manchester City são exemplos disso. Os dois clubes são vistos com desconfiança por terem patrocinadores ligados ao grupo que é donos dos dois clubes. A suspeita é que os valores lançados como patrocínio são muito maiores do que os valores de mercado, maquiando uma injeção direta de recursos nas receitas do clube. Isso é proibido pelo FPF. Mas como provar? Segundo a CAS, nem com os e-mails vazados dando indícios de que houve essa prática, é suficiente.

Conversando com especialistas em direito esportivos, ouvi dos três com quem conversei que, por mais que haja um indicativo de que um patrocínio está inflacionado, é muito difícil provar isso. Mesmo tomando como base os valores médios pagos pela mesma propriedade comercial (naming rights, placas nos estádios, espaço do patrocínio master na camisa), é difícil, em um tribunal, comprovar que é uma “maquiagem”.

A reação à decisão da CAS indica um descrédito total ao FPF. José Mourinho trouxe um ponto importante: se o City é inocente, não faz sentido ter que pagar 10 milhões de euros de multa (segundo a CAS, esse valor é uma punição pelo City não ter colaborado com as investigações). Klopp comemorou o fato de o City poder disputar a próxima Champions League, considerando que o clube seria o maior favorito ao título inglês se não jogasse o torneio europeu, mas disse que a decisão não foi boa para o futebol, pois atinge o FPF.

A Uefa, que publicou uma nota do tipo “a minha parte eu fiz e o tribunal que absolveu” após a divulgação da decisão, sai desse episódio sabendo que o seu FPF vai ter muita dificuldade de pegar “peixes grandes” que souberem trabalhar com as brechas existentes nele.

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