Aplausos no teatro
Há 17 anos, Ronaldo despertava um dos gestos mais nobres que o esporte pode proporcionar
Por Fred Caldeira
Na quarta-feira passada, a TNT reprisou o inesquecível Manchester United 4x3 Real Madrid - o dia em que o Old Trafford aplaudiu Ronaldo de pé. Como aqui na Inglaterra não tenho sinal da TV brasileira, tive que me contentar em rever a partida pelo site da UEFA, que também tem reprisado jogos históricos. Hoje, aquele espetáculo completa exatos 17 anos.
Lembro de ter acompanhado o jogo ao vivo. Em abril de 2003, eu tinha apenas 13 anos e o interesse pelo futebol europeu era resumido em uma paixão pelo Manchester United. Da sala da minha casa, próxima ao Maracanã, também aplaudi a memorável atuação do brasileiro no Teatro dos Sonhos. A quem não viu, recomendo ver.
Interessante observar hoje que a imprensa inglesa documenta essa recordação pela perspectiva do show brasileiro. Digo isso porque há também um prisma inglês que poderia ser protagonista no imaginário de um país que costuma supervalorizar o que é nacional: em rota de colisão com o treinador Alex Ferguson, o meia David Beckham ficou surpreendentemente no banco de reservas. Entrou, fez dois gols e arrumou as malas para se juntar à equipe espanhola na temporada seguinte.
O jornal The Guardian de hoje traz relatos de outros personagens. Entre eles, Mike Phelan, à época auxiliar de Ferguson e atualmente na mesma função para Solskjaer, comenta: "foi a primeira vez que eu realmente senti que um jogador especial estava em campo. A reação dos nossos torcedores foi inacreditável. Acho que não havia ninguém no estádio que não levantou [para aplaudi-lo], e eu faço parte dessa conta mesmo na comissão técnica adversária. Você simplesmente compreende quando testemunha tanta qualidade."
Entre as dezenas de milhares de aplausos, estava o de Marcus Rashford. Com cinco anos de idade e ao lado da mãe, o atual atacante dos Red Devils pôde ver de perto o ídolo Ronaldo pela primeira vez - como diz nessa entrevista ao Esporte Interativo em setembro do ano passado: "foi um dia esquisito, porque é claro que eu queria ver a classificação do Manchester United. Mas ele era um dos meus jogadores favoritos, então também queria ver a mágica que era capaz de fazer."
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As memórias do Old Trafford, naturalmente, reservam mais carinho a outro Ronaldo. Mas os aplausos à qualidade do adversário é um dos momentos mais nobres que o esporte pode proporcionar.
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