Árbitros precisam se preocupar com suas imagens dentro e fora de campo

Assim que entrei para a arbitragem ainda era possível ver árbitros com comportamentos sociais que hoje não são mais permitidos. O cargo exige determinados cuidados e depois de 2005- quando, após um comprovado esquema de manipulação, o episódio Edilson de Carvalho levou à repetição de jogos da série A do Brasileiro - a CBF, através de sua comissão de arbitragem, começou a se preocupar com a formação e a vida pessoal dos árbitros.
Passaram a considerar que a estrutura de um árbitro deveria se apoiar em 4 pilares:
1-Físico;
2-Técnico - de responsabilidade dos próprios árbitros, desde sempre;
E os dois mais novos:
3- Social - que seria sua formação e seu comportamento em sociedade e
4- Mental - que é o cuidado com a parte psicológica, dentro e fora da arbitragem.
O chamado "pilar social" foi, não apenas tratado, mas também estimulado. Passou a se exigir do árbitro ao menos estar frequentando uma universidade para ingressar na CBF. Além de outros cuidados que iam de não receber visitas sozinho no hotel (devendo estar sempre acompanhado do resto da equipe), até o tipo de lugar para frequentar após as partidas e a companhia.
Por diversas vezes tive que ir embora do restaurante onde iria jantar depois do jogo simplesmente por encontrar uma das equipes da partida que apitei no local.
As certidões criminais "zeradas". Sim! Árbitros brasileiros têm que provar todo ano que estão "limpos". Não elimina, mas diminuiu muito o risco de termos outro episódio como o de 2005.
Ter cuidado com fotos junto com torcedores de camisas de clube era outra recomendação. Eu, no caso, pedia que tirassem para bater a foto. No quesito "camisa de clube", eu não frequentava lugares públicos nem com meus familiares quando eles estavam com as camisas de seus clubes. Minha família já sabia dessa restrição...faz parte da vida do árbitro e de quem está por perto dele.
No caso específico do esloveno Slavko Vinčić, o árbitro e empresário alegou estar no local por acaso em razão de ter aceito um convite para almoçar enquanto fazia negócios na capital daquele país.

Depois de dar explicações à polícia, ele foi liberado e já se encontra de volta à Eslovênia, onde agora está mais preocupado em explicar o ocorrido para sua família do que com qual será seu futuro na arbitragem depois do episódio.
O presidente da comissão de arbitragem eslovena, Vlado Šajn, deu seu apoio: "estava no lugar errado na hora errada."
Vamos esperar para ver como será recebida a notícia na UEFA.

Situações inesperadas podem acontecer com qualquer um, mas o fato é que, como juiz, com ou sem toga, dentro e fora de campo, se deve evitar ao máximo convites de estranhos. "Homens de preto" têm uma imagem muito sensível e suscetível a ilações.
Explicar que focinho de porco não é tomada é algo simples para muitos, já para um árbitro, será necessária muita explicação e, na arbitragem, quando se explica demais, normalmente é porque está todo enrolado.