COVID-424: Gre-Nal 424, sem gols, oito expulsos
Os profissionais do futebol precisam ser mais responsáveis. Em campo e fora dele. Todos nós
Por Mauro Beting
Com dois minutos a primeira treta do Gre-Nal no meio-campo. Parecia o fim do mundo ou o início do clássico gaúcho que é maior rivalidade do Brasil. E a gente já sabia o que viria por trás. Embora já soubesse...
Com 45 minutos, duas chegadas coloradas, uma do Gremio.
Pouco. Mas é o que é muito o Gre-Nal.
Renato mandou a campo o 4-3-3 esperado. Mas faltou o aguardado de Alisson e Éverton pelos lados. Diego Souza foi bem marcado no comando de ataque. Lucas Silva e Matheus
Henrique saindo pouco. Victor Ferraz e Caio Henrique aportando pouco à frente na primeira etapa.
No 4-1-4-1 de Coudet, os laterais saíram mais. Sobretudo Rodinei. E Boschilia e Marcos Guilherme fizeram melhor o serviço pelos lados. Faltou mais de Galhardo que deixou Guerrero muito isolado. Edenilson teve uma bela pancada de longe. Mas faltou a dinâmica de pisar na área tricolor.
No intervalo, Moisés substituiu Uendel. Pareceu que todos foram substituídos. O jogo
melhorou. O Grêmio avançou as linhas. O Inter respondeu na sequência. Renato trocou Maicon por Jean Pyerre, logo aos 6. Dois volantes a partir de então e mais um meia. Mas o jogo demorou a fluir. O treinador persistiu e enfim apostou em Pepê, 11 minutos depois, no lugar de Alisson. Logo depois JP arriscou de longe e quase fez.
Faltava arriscar mais de perto pro dono da casa.
Faltou um pouco mais de sorte para Edenilson mais uma vez, que aos 23 mandou de longe a bola que bateu na trave esquerda de Vanderlei. Pepê respondeu na sequência fazendo um belo arrastão no mais belo lance do clássico, saindo da direita para a esquerda até parar em Lomba.
Coudet apostou enfim em D'Alessandro, aos 29, no lugar do apagado Galhardo. O jogo ficou mais aberto, mas não menos Gre-Nal. Peleado sempre. Por vezes até demais.
Diego Souza foi substituído por Luciano, aos 34. Pouco antes do melhor lance colorado, no dois-um de Boschillia com Guerrero que acabou de novo na trave esquerda gremista.
Aos 37, o ótimo Bruno Fuchs deu um presente para Éverton que deu adoçada para Luciano tocar por cobertura a bola por sobre a trave.
O Gre-Nal merecia ao menos um gol.
Mas acabou do jeito que muitas vezes nem deveria ter começado.
Por isso insisto: pode não ser o maior clássico do Brasil. Mas é top-3. E não se discute que é maior rivalidade. Para não dizer o maior ódio como se viu, aos 40, quando num lance banal entre Moisés e Pepê se iniciou nova briga. Moisés, Pepê, Edenilson e Luciano expulsos. Depois dos vermelhos devidamente mostrados, mais dois cartões tão justos quanto desnecessários: Caio Henrique e Cuesta. E mais dois expulsos nos bancos, um para cada lado.
Não era preciso. Não era pra isso.
Mas é isso que é Gre-Nal.
Gostemos ou não.
Geromel tentou de longe e quase fez na saída de jogo, 12 minutos depois do começo do Armagedom. Aos 59, Lucas Silva mandou um belo tiro no travessão, com Lomba tocando na bola.
O Gre-Nal já não merecia gols. E nem os 2,1 milhões que viram com a gente pelo Facebook.
Pico que chegou exatamente ao número absurdo e histórico nos 12 minutos de briga.
Não são só os que jogam que perdem a cabeça e querem sangue.
É o nosso instinto mais animal. Ou pior: mais humano.
O Gre-Nal 424 virou COVID-424. Contagioso.