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Como a 'Geração PlayStation' mudou o consumo de futebol no Brasil

Garotos conectados e fãs de futebol internacional têm bagagem grande de informações. E acabam exigindo o mesmo nível nas transmissões e nos programas esportivos. Uma geração inteira formada com acesso amplo a dados, vídeos e um cardápio nunca antes visto de jogos

Por Bruno Formiga

Você sabe o que é a Geração PlayStation? Eu explico: Normalmente, o termo é usado de forma pejorativa para rotular o moleque que prefere torneios e time europeus. E que nasceu em uma época já conectada, sem fronteiras e com muitas opções de jogos - pra ver e pra jogar. Virou quase que a versão futebolística para o perfil "Nutella". Mas, críticas à parte, tem algo que é pouco falado sobre essa galera: o quanto ajudou a forma de consumir e produzir conteúdo de futebol no Brasil.

Sim. Essa geração subiu o nível de exigência. São garotos que acompanham tudo, tem acesso a dados, vídeos, blogs, campeonatos como nunca antes. Muitas vezes conhecem mais jogadores e clubes que os seus pais. E tem uma bagagem grande pra falar de futebol.

Isso sem contar o próprio videogame. Não se engane: essas plataformas simulam o jogo muito melhor do que o que você imagina. E a Geração PlayStation acaba tendo um conhecimento tático maior que muito marmanjo.

O jogo virtual mostra os caminhos, as movimentações, as funções, as variações. Uma forma interativa e dinâmica de tratar o futebol. E sim. Isso vai gerando entendimento, percepções. Vai gerando conhecimento.

Óbvio que não se assiste futebol apenas pelo FIFA ou PES. O lúdico, o improviso, a genialidade. Isso está na vida real. Ponto. Mas essa geração, formada pelas telas e que aprendeu a assistir Champions, Premier League e La Lig, entende do riscado. E reconhece (fácil) quem não entende.

Resumindo: a tal Geração PlayStation exige mais e melhor das transmissões e dos programas esportivos. Se não estiver satisfeito, o garoto acha fácil um link internacional para acompanhar o jogo que quer. Ou criar o eu próprio canal no Youtube para falar de futebol do seu jeito.

E por que cheguei nesse assunto?

Então. No domingo (7/6) participei de uma live com a turma do FOOTURE, projeto independente que tem como lema 'Pense o Jogo'. E uma das pautas foi "em qual momento a análise tática ganhou holofotes por aqui?".

Minha resposta tem total ligação com a Geração PlayStation. Graças a ela temos hoje uma variação bem maior de gente falando do jogo pelo jogo e não só pelo folclore.

Você pode ver isso como uma gourmetização do consumo de futebol. Ok. Mas é fato que essa geração quer ouvir e falar do jogo de uma outra forma. Com mais profundidade, com mais números, mais análise.

É um público que cresce.

Lembremos. O UOL fez uma série sobre o assunto. Trouxe pesquisa inédita da consultoria Ibope/Repucom mostrando que, em 2016, 72% dos jovens usuários de internet disseram torcer por um time europeu. O quadro hoje não é diferente.

E o impacto, pra mim, vem de 2010 pra cá. A consolidação dos torneios europeus nas TV fechadas e o crescimento na venda dos jogos de videogame. Essa galera passou a ter contato quase diário com um futebol diferente. E nitidamente melhor.

Não demorou para um olhar pro outro e dizer: "Tem alguma coisa errada".

Por que o jogo da Champions na quarta à tarde parece outro esporte em relação a rodada de Brasileirão na quarta à noite?


A diferença ficou escancarada na final do Mudial de Clubes em 2011. De um lado o melhor da Europa. Do outro o melhor time da América do Sul. E não deu jogo.

O Barcelona atropelou o Santos. O próprio Neymar reconheceu o que ele chamou de aula.

E por aqui, imagino, muitos quiseram entender as razões daquilo. Explicações existem. E era preciso saber como e por quais caminhos Guardiola fazia a sua equipe ser tão bonita e eficiente ao mesmo tempo.

Vejo ali um marco.

A Geração PlayStation está aí. Faz tempo. Os garotos vão crescer. E vão seguir consumindo futebol. Vão continuar querendo entender o que tá acontecendo em campo. E vão saber quando a gente confundir um lateral improvisado com um zagueiro. A culpa não é dele. É nossa.

Ao invés de ridicularizar a geração, diminuindo o sentimento dela pelo futebol, melhor colocar o rabo entre as pernas e estudar um pouco mais.

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