Imagem ilustrativa na TNT Sports

Assista a jogaços exclusivos do Paulistão e a TODOS os jogos da Champions League AO VIVO!

ASSINE JÁ
Blogs

Espanha campeã do mundo em 2010 - La Fúria é Roja - capítulo 3

Ironia, a Holanda derrotada pela Espanha na final da Copa de 2010 ajudou desde os anos 1970 a montar a ideia de jogo espanhola 

Johan Cruyff: o maior craque tático da história
Johan Cruyff: o maior craque tático da história

Por Mauro Beting

A invasão holandesa

O jornalista André Rocha, em seu blog [à época] no globo.com, melhor explicava já em 2009 a origem do jogo espanhol em 2010. Ou melhor, barcelonista:

“Johan Cruyff, quando chegou ao Barcelona, em 1973, liderou a equipe que encerrou um jejum de 13 anos sem títulos. Jogando num 4-3-3 com marcação no campo adversário e intensa movimentação que seria a base tática da Holanda que disputaria a Copa do Mundo pouco tempo depois, o Barça apresentou um futebol empolgante que teve seu auge no lendário triunfo sobre o Real Madrid por 5 a 0, no Santiago Bernabéu.

A troca de posições dos meias Marcial e Asensi, este autor de dois gols, e do atacante Rexach enlouqueceu a defesa merengue. Mas quem arrancou os aplausos dos torcedores do arquirrival – feito que seria repetido por Maradona em 1983 e por Ronaldinho em 2005 – foi Cruyff, com a habitual técnica acima da média, a rara inteligência tática e o fôlego impressionante para um fumante inveterado. Um show.

O espetáculo se repetiria 18 anos depois com o primeiro título da Liga dos Campeões, desta vez com Johan Cruyff no comando técnico. Atualizando e adequando à escola espanhola os conceitos de Michels com o acréscimo de seu “toque pessoal” desde que assumiu o time em 1988, o treinador armou uma equipe ofensiva, com variações táticas e forte trabalho coletivo comandado por Koeman, zagueiro holandês que atuava como líbero e marcou o gol decisivo na final contra a Sampdoria, em Wembley. Outro destaque era um volante inteligente, de toque refinado e ótimo senso de posicionamento criado nas canteras do clube chamado Pep Guardiola.

Na temporada 1993-94, Cruyff montou a versão mais espetacular do “dream team” catalão que conquistou o quarto campeonato espanhol consecutivo e teve em Romário, mesmo vivendo às turras com o treinador, seu artilheiro e estrela máxima, com ótimos coadjuvantes como Laudrup, Stoitchkov e Bakero, além de Koeman e Guardiola. A equipe girava, tocava a bola e atacava sem parar. Do banco, Cruyff viu seu Barcelona repetir os 5 a 0 sobre o Real Madrid, desta vez no Camp Nou. A decepção só viria na acachapante derrota em nova final da Liga dos Campeões para o Milan por 4 a 0. Ainda assim, o time marcou época pela vocação ofensiva, estilo vistoso e valorização do trabalho nas divisões de base.

A relação Barcelona-Holanda não rendeu tantos frutos na Era Van Gaal, apesar do bicampeonato nacional em 1997/98 e 1998/1999 e as grandes jornadas de Ronaldo e Rivaldo. O Real Madrid se impôs no continente durante o período e iniciou a era galáctica de Florentino Pérez que tirou Luís Figo do Barça em 2000.

A recuperação só viria a partir de 2004 sob o comando de Frank Rijkaard, que resgatou conceitos do trabalho de Cruyff, apostando num ousado 4-3-3 de intensa troca de passes e marcação avançada. Liderado por Ronaldinho Gaúcho e vendo surgir o jovem Lionel Messi, o time catalão conquistou duas ligas nacionais e voltou a vencer a Liga dos Campeões em 2005/06. E novamente o momento máximo de um esquadrão blaugrana viria contra o rival de Madrid. Mais um espetáculo no Santiago Bernabéu: 3 a 0 com atuação antológica de Ronaldinho.

O espírito permissivo que se instalou no clube por conta das conquistas minou o trabalho de Rijkaard. Sua saída em 2008 abriu espaço para a estreia como técnico de Pep Guardiola, ex-jogador de Cruyff. Mantendo a filosofia de seu antecessor e, com o ambiente saneado pelas saídas de Deco e Ronaldinho que deram a batuta a Messi e Xavi, o Barcelona partiu para uma temporada histórica, vencendo todos os títulos possíveis e aplicando mais uma goleada implacável nos madridistas: 6 a 2 no Santiago Bernabéu, com show de Messi.

A estrutura foi mantida para a temporada seguinte, mas a troca de Eto’o por Ibrahimovic não foi tão positiva para o clube. Sem a movimentação do camaronês, o 4-3-3 ficou previsível, facilitando a marcação. Tentando aproveitar melhor o talento de Messi e adequar o esquema tático ao reforço milionário, Guardiola reorganizou sua equipe num 4-2-3-1 que fez o Barça voltar a ter volume de jogo, encantar e atropelar seus oponentes. O título espanhol veio numa campanha histórica, irretocável . Apesar do revés na semifinal da Liga dos Campeões para a Internazionale, o Barcelona continuou sendo considerado o melhor time e a maior referência de futebol bem jogado no mundo.

É esse esquadrão de Guardiola, com ecos de Rijkaard, Cruyff e Michels que ataca, marca à frente e “gasta” a bola com precisão que dá pouca chance aos rivais a maior influência da seleção espanhola. Se Messi tivesse aceitado a naturalização espanhola, o mundo poderia estar testemunhando exibições de uma das melhores seleções de todos os tempos.”

(amanhã tem mais. A Espanha campeã da Europa em 2008 e a equipe eliminada precocemente na Copa das Confederações em 2009).

Mais Vistas