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Espanha campeã em 2010 - La Fúria é Roja, parte 8 - 1 x 0 Portugal

Cristiano Ronaldo não conseguiu conter a Fúria vermelha. A Espanha passou pelas oitavas.

Espanha e Portugal espelhados no 4-1-4-1 no começo do clássico
Espanha e Portugal espelhados no 4-1-4-1 no começo do clássico

Por Mauro Beting

A Copa de 2010 só não foi pior que a de 1990. Aquele Mundial italiano decepcionou e apoquentou tanto que até a regra do recuo de bola para o goleiro foi mudada, em 1991. Uma Argentina de Maradona acabou vice-campeã na Itália, levando a Copa sempre para os pênaltis. O pior exemplo de um torneio esquecível, com 17 das 24 equipes atuando com três zagueiros e dois alas bem recuados, meio-campistas pouco criativos, e boas gerações mal aproveitadas, travadas taticamente por um medo e um receio de arriscar que quase riscou do planeta o mundo da Copa.

Em 2010, ao menos, acabaram premiadas equipes que buscaram o gol, como a Espanha, a vice-campeã Holanda, e renovada Alemanha, terceira colocada. Mas ainda teve gente que não quis jogo. Portugal começou a Copa com um cabeça-de-área, dois meio-campistas de bom nível de área a área, dois ótimos pontas, e um bom centroavante. Um 4-3-3 das antigas, e dos bons. Assim goleou a Coreia do Norte. Veio, porém, o receio desmedido contra um Brasil sem Kaká e Robinho. O treinador Carlos Queiróz isolou Cristiano Ronaldo no comando do solitário ataque, plantou um novo volante com pés de zagueiro (Pepe), e ficou todo atrás da bola e do Brasil, esperando a Seleção num 4-1-4-1 excessivamente recuado. Num jogo de compadres e patrícios, o zero a zero foi placar e nota.

Repetida por Portugal nas oitavas contra a Espanha que ainda não jogava o futebol do nível esperado. Contra uma não menos potente armada espanhola, Portugal içou velas, canhões e a frota no próprio campo, especulando à frente com o forte, porém fraco, centroavante Hugo Almeida. A derrota final, ainda que com um gol discutível de Villa, em posição irregular. Foi um castigo merecido pela falta de ousadia de um time cuja escalação, no papel, parecia mais abusiva e ofensiva que a espanhola.

No campo, porém, a história foi outra. Os números suplantaram os nomes. A camisa-de-força do treinador português prendeu os pontas na intermediária, sufocou os homes do meio como reles parelha de volantes. O que poderia ser um time ofensivo virou apenas uma equipe especulativa. Sem graça, sem ataque, sem a bola, sem a classificação. Se Portugal fosse uma Grécia, uma Suíça, ainda vai. Embora acabasse não indo para lugar algum.

A questão é que havia como atacar. Ter a bola. Arriscar. Enfim, jogar. Com Cristiano Ronaldo. Com alguns outros bons nomes que pararam diante dos espanhóis. Espanha que teve o dobro de chances (dez contra cinco) que um rival que empacou e empatou sem gols e sem futebol contra o Brasil. Portugal que esperou uma Espanha que mais uma vez não foi brilhante. Mas foi melhor.

Com 12 minutos, o ótimo goleiro português Eduardo fez três grandes defesas. Mais de 70% da bola era espanhola. Um pênalti sobre Torres foi pedido. Quando o replay do lance seria mostrado no telão, a direção de imagem da Fifa cortou a repetição, antes de evitar a polêmica que desgraçara a arbitragem da Copa, quando um gol em impedimento da Argentina contra o México foi apresentado no telão do Soccer City.

A imagem de superioridade espanhola era flagrante. Ainda que com problemas defensivos. Mesmo com Portugal muito atrás. Sergio Ramos, pela direita, e Capdevilla, pela esquerda, também não atacaram tanto. Também faltava a infiltração usual de Xavi e Iniesta. A chegada dos dois armadores dentro das áreas rivais é constante e impressionante. Mas não vinha acontecendo. O espetacular todocampista Xavi parecia cansado. Não se movimentava com a eficiência e dinâmica usual. Tecnicamente errava passes que ficava meses sem errar. Com ele, toda a Espanha caía. Por vezes ficava muito preso pelo esquema tático de Del Bosque. Poucas vezes tem entrado na grande área rival. Enfim, estava longe de ser o muito o que é.

Só que a paciência é uma virtude desse time. Embora pareça ter esgotado a do gélido Del Bosque, aos 13 do segundo tempo. A Espanha afunilava demais o seu jogo e Torres seguia mal das bolas. O treinador espanhol apostou no centroavante Fernando Llorente, que entrou para ser a referência de área na segunda etapa, como bem faz pelo Athletic Bilbao. Ele trabalhou como pivô.

Del Bosque foi mais feliz que Queiróz, que ao mesmo tempo sacou o inoperante Hugo Almeida, isolou Ronaldo no ataque, abriu Danny pela esquerda, e só especulou o gol que não poderia vir daquele jeito.

Mas o golaço de Villa, depois de troca de bola típica espanhola (e barcelonista), aos 17 minutos, fez justiça ao melhor time. Ao que buscou mais o gol. Ainda que aparentemente irregular. Villa pareceu impedido ao receber a bola pela esquerda. Mas toda a jogada foi tão bonita que a vitória do melhor time não merece ser contestado.

Até porque quase mais nada fez Portugal, e a Espanha só não fez mais porque Eduardo não deixou.

Espanha com Llorente como pivô, Ronaldo isolado no ataque, mais aberto à direita. Portugal queria pênaltis; a Espanha, a vitória.

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