Futebol x Pandemia: Volta Redonda projeta disputa da Série C, mas sofre para honrar salários: 'Abril a gente não tem a menor condição de pagar'
Clube carioca já recebeu auxílio da CBF, mas valor não será suficiente, se futebol continuar paralisado
Por Monique Danello
Depois de contar aqui no portal do Esporte Interativo a história do Madureira, que sofre com os impactos da Covid-19 e da paralisação do futebol, surgiu a ideia de criar uma série de reportagens, passando por todos os clubes que disputam o Campeonato Carioca de 2020. Na 'Futebol x Pandemia' vamos mostrar os desafios de cada equipe para tentar sobreviver ao coronavírus. O Volta Redonda foi o primeiro clube a nos atender. Nossa reportagem conversou por telefone com o vice-presidente Flavio Horta Júnior.
A continuidade do Campeonato Carioca é importante para o Volta Redonda, que também se planeja para a disputa da Série C do Campeonato Brasileiro. Com a vaga na Terceira Divisão definida, o clube começou a temporada mais estruturado em relação aos contratos dos jogadores. A maioria tem contrato mais longo e os que chegaram para a disputa do estadual trabalham com cláusula de renovação automática. O elenco não será um problema, quando a disputa for retomada no Rio de Janeiro. A principal preocupação é financeira.
"O mês de março a gente pagou integral, mesmo estando 15 dias parados. A conta de salário a gente tem feito mais preocupado com o ano do que com o mês de abril. Estamos entendendo o que teremos de impacto de perda de patrocínio e de receita. Todo mundo terá que ceder um pouco, a gente para o patrocinador, o atleta para o clube. Essa conta é anual, quanto perderemos no ano. O fato é que abril a gente não tem a menor condição de pagar, como pagou março", analisou o vice-presidente do clube.
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Sem contar com os atletas das categorias de base, o Voltaço tem um quadro de funcionários que chega na casa de 100 profissionais. Além das cotas de televisão, os patrocinadores do clube também são uma fonte de receita importante. Com a crise econômica causada pela Covid-19, alguns parceiros já procuraram o clube tentando renegociar os pagamentos.
"A cota de televisão ainda não foi paga, o que dificulta muito o nosso cenário atual. A gente tem pelo contrato cotas de TV pagas até abril. Com isso, a gente estipula com nossos patrocinadores o pagamento a partir de maio, por fluxo de caixa. Com a receita vinda desses patrocinadores e de bilheteria a gente leva o resto do ano. Alguns patrocinadores já informaram a dificuldade dos pagamentos, estamos conversando para tentar encontrar o meio termo. As perdas são grandes, consideráveis, 40% do que a gente teria que receber ao longo do ano. Temos contratos, contas chegando, é preocupante", explicou Flavio Horta Junior.
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Como está classificado para a disputa da Série C de 2020, o Volta Redonda entrou na lista dos clubes que receberam auxílio financeiro da CBF. O pagamento no valor de R$200.000 já foi feito pela entidade, mas não será suficiente, caso o futebol siga paralisado.
"A CBF disponibilizou uma verba emergencial em cota única. A gente sabe que é insuficiente, mas a sinalização de preocupação com a saúde financeira dos clubes é importante", afirmou o dirigente.
Assim como todos os eventos esportivos no Brasil, a Série C não tem data para começar. A tendência é que o Campeonato Carioca seja retomado antes. O Volta Redonda também quer que o estadual seja encerrado em campo, desde que com segurança para os profissionais. Além dos problemas financeiros, tem também uma questão envolvendo o estádio Raulino de Oliveira, que se transformou em hospital de campanha, para o auxílio no combate ao coronavírus. Com a retomada do Carioca, provavelmente sem público, o clube estuda até a possibilidade de fazer uma das partidas no CT João Havelange, em Pinheiral.
"A gente tem uma sensação aqui que o Carioca vai ter uma facilidade de retorno antes que os torneios nacionais, por questão de logística. Quando a Série C começar, esperamos que o Raulino já esteja disponível, mas temos um jogo contra o Resende, pelo Carioca, ainda. A ideia é conversar com a Federação para fazer em Pinheiral, no CT João Havelange. Se não for possível, a Portuguesa e o Boavista também já nos ofereceram o estádio. Nossa relação com os clubes é boa, se a gente precisar, não teremos dificuldade", afirmou o vice-presidente Flavio Horta Júnior.
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