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La Fúria é Roja - capítulo 2 da Espanha campeã mundial há 10 anos

Como se entenderam os craques de Real Madrid e Barcelona para formar uma geração multicampeã mundial e europeia.

Sergio Ramos na Espanha de 2008
Sergio Ramos na Espanha de 2008

Por Mauro Beting

Mundos distintos

Um dos milagres espanhóis em 2010 foi unificar o jogo num país usualmente separado por questões muito além do campo esportivo. Mais uma lição que o gol de Iniesta na final contra a Holanda deixa não apenas para o mundo futebolístico. Quem sabe, para cada espanhol.

Não apenas pelos tantos títulos nacionais e internacionais conquistados. Não apenas pelas questões esportivas. Real Madrid e Barcelona não jogam o mesmo jogo. Dá para dizer que não falam a mesma língua. A bandeira espanhola nem sempre veste o clube catalão. Proibido de falar a língua de sua nação durante os anos do Generalíssimo Franco (1939 a 1975). Obrigado a mudar o nome em catalão para a língua espanhola. Obrigado muitas vezes a jogar em outro mundo pelas diferenças brutais e abissais com a capital espanhola, com o poder espanhol. Não por acaso existe uma seleção catalã que também joga bola. E nunca jogou tão bem quanto a base do Barcelona em 2010.

As diferenças entre Madri e Barcelona atrapalharam muitos grupos e seleções na história do futebol espanhol. Quase tanto quanto a importação desenfreada de estrangeiros desde a década de 1930. Os enormes feitos dos clubes espanhóis na Europa e no mundo passam pelo pé-de-obra importado. Os estrangeiros Di Stéfano, Puskás, Kopa, Santamaría, Zidane, Figo e Roberto Carlos (ainda que alguns naturalizados) explicam melhor os ENTÃO nove títulos europeus madridistas (até 2010) que os espanhóis Gento, Muñoz, Amancio, Raúl, Hierro e Casillas. No Camp Nou, os internacionais Kubala, Kocsis, Evaristo, Stoichkov, Koeman, Laudrup, Romário, Ronaldo, Rivaldo, Cruyff, Ronaldinho Gaúcho, Eto’o, Deco e Messi têm peso maior que as estrelas nacionais que, de fato, só a partir desta geração deram o grito de independência espanhola às nações mais amigas da bola.

Xavi, Iniesta e belíssima companhia começaram a virar esse jogo. Com a ajuda filosófica da escola holandesa ironicamente vencida na decisão de Johanesburgo. Quando um Johan Cruyff, em campo, a partir de 1973, e um treinador como Rinus Michels, no banco, desde 1971, ajudaram o Barça a ganhar um título espanhol, em 1974. E a aprimorar a escola culé (barcelonista) de jogar bola. Ganhando ainda mais ofensividade, técnica e apuro pelo passe e pela velocidade. Emulada pelo Dream Team tetracampeão espanhola, de 1991 a 1994, e campeão europeu de 1992. O Barça do Cruyff treinador. Talvez superado apenas em qualidade pelo Barcelona campeão europeu de 2006, guiado por um genial Ronaldinho Gaúcho, e comandando por um treinador holandês – Frank Rijkaard.

E não parou aí. O treinador foi ainda melhor sucedido por outro filho da casa, o ex-volante Pep Guardiola. Treinador que, no primeiro ano na carreira, ganhou a Copa da Espanha, a liga nacional, a Liga dos Campeões e o Mundial de Clubes. Com um 4-3-3 entronizado e quase eternizado pelos holandeses. Um futebol dinâmico, competitivo e belo. Com um novo gênio com a camisa 10. O argentino Lionel Messi.

O Barcelona inspirou a Espanha, desde 2007. Uma base treinada e jogada desde então quase todo dia. Se para alguns faltava um gênio como Messi para a Fúria, sobrava um senhor time para La Roja. Antes da Copa-10, o doutor Sócrates diagnosticava: “Para a Argentina de Messi falta um time organizado como a Espanha; para a Espanha falta um gênio como Messi”. Talvez. Mas numa Copa onde faltou grande futebol, inclusive do próprio Messi, bastou o time que foi o craque da Copa. O time espanhol.

(Amanhã tem mais. Falando da Eurocopa de 2008 e as Eliminatórias para a Copa de 2010).

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