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Luxemburgo e o futebol de antigamente

Técnico do Vasco exalta Talles Magno e critica a produção de talentos no futebol brasileiro, que pra ele tem dado mais valor à tática do que o talento.

Vanderlei Luxemburgo comanda o Vasco desde maio
Vanderlei Luxemburgo comanda o Vasco desde maio - Thiago Ribeiro/AGIF (Thiago Ribeiro/AGIF)

Por Bruno Formiga

Na década de 1990, quando Vanderlei Luxemburgo explodiu para o futebol com time ofensivos e muito bem treinados, já existia nos jornais e nas arquibancadas a reclamação de que o “futebol brasileiro perdera a sua essência”. O jogo aqui era tratado como pobre e os jogadores rotulados de serem robotizados demais. Sim. Parece o discurso de agora, que o treinador do Vasco levantou na coletiva após a vitória sobre o Fortaleza.

Para elogiar a partida e o drible de Talles Magno (uma lambreta maravilhosa que acabou gerando a expulsão de Gabriel Dias - veja no vídeo abaixo), Luxemburgo fez uma reflexão nada nova sobre o estágio do futebol que se pratica por aqui.

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Futebol brasileiro não é robô, não é esquema tático. Se dá ênfase a isso e esquece que o que o Talles fez hoje foi o futebol brasileiro. Ele não fez (lambreta) de palhaçada: ele tirou um jogador do adversário", disse o treinador. “Fiquei feliz hoje porque vi um jogador fazer a arte de jogar futebol do Brasil. E nós estamos acabando com isso. Esquecemos de buscar a essência do futebol brasileiro, ter algo para criar. Saio feliz pela vitória e feliz porque vimos o menino indo para a seleção amanhã e fazendo o futebol brasileiro da maneira como tem que ser feito”, completou.

A visão de Luxemburgo é saudosista. E remete para uma época em que todos os jogadores pareciam criativos e que imprensa e torcida estavam plenamente satisfeitas com o espetáculo apresentado.

Há somente um problema aí: essa época nunca existiu.

Sempre se olhou, seja nos anos 50, 60 ou 70 para o passado como o modelo ideal. A memória seletiva escolhia, e ainda escolhe, exaltar o tal “futebol de antigamente” e desmerecer o presente com falsos argumento como “a tática está valendo mais que a individualidade”.

A tática sempre foi um elemento do jogo. Sempre. Inclusive nos exaltados tempos de ouro do futebol brasileiro. O Brasil, por exemplo, viveu uma revolução com treinadores estrangeiros (principalmente) argentinos nos anos 30 e 40. Depois há enorme impacto com Béla Guttmann, húngaro que inclusive tem influência na seleção de 1958.

Béla Guttmann comandou o São Paulo na década de 50 | Reprodução
Béla Guttmann comandou o São Paulo na década de 50 | Reprodução

O Brasil não deixou de produzir talentos. Seguimos tendo fornadas de Talles Magno desde sempre. A diferença é que mais países também aumentaram suas produções.

Outro ponto: Qual a nossa essência?

Fala-se muito do drible, do improviso. Mas confundimos muitas vezes tudo isso com firula.

Boa parte dos nossos grandes craques nunca usou o drible pelo drible.

Pelé, o maior expoente, era a objetividade em forma de jogador. Sempre vertical, agressivo. Dificilmente driblava pra trás ou fazia algo que não era extremamente necessário.

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Pelé foi gênio, foi a nossa essência, foi o nosso DNA. Tudo isso usando a técnica em favor do gol e, sim, da tática e do time.

Achar que vivemos uma crise por dar mais valor à estratégia do que ao talento é deturpar o que está sendo feito e ignorar a história do futebol, onde a tática foi sempre alicerce para os jogadores desenvolverem o que têm de melhor. Aqui ou em qualquer lugar.

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