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Messiânico, 33 anos

O melhor jogador de futebol que eu vi neste planeta.

Melhor: ele veio de um satélite de onde veio Pelé.

Ele
Ele

Por Mauro Beting

Pelé eu só vi no campo uma vez, em dezembro de 1973. De fato, não o vi: toda vez que o Santos dele atravessava o campo de ataque rumo à defesa do meu Palmeiras, eu fechava os olhos. Por isso não o vi marcando o gol de empate contra a Academia alviverde que seria bicampeã brasileira dois meses depois.

Sou um dos curadores do Museu Pelé. Sou suspeito.

Mas o insuspeito Messi, naming right do prêmio The Messi da Fifa, eu faria qualquer coisa para o ver de verde-amarelo ganhando o que não conquista com a Argentina (que também não vence com a seleção principal albiceleste desde 1993...). Quando ele tinha seis aninhos. E já era La Pulga que assombrava Rosario até desembarcar em 2000 na Catalunha.

Cresceu (mesmo) em La Masia. Estreou em amistoso em novembro de 2003 contra o Porto. Só foi jogar pelo time principal, partida valendo, em outubro de 2004.

Quando eu comentava o Espanhol pela Band. Quando eu estudava o Barcelona e fui atrás de mais informações sobre aquela joia na internet. O YouTube seria inventado quatro meses depois. Não tinha imagens sobre ele. Apenas um e outro texto. Todos impressionados e impressionantes.

Como fiquei ao acessar o Orkut e ver que a comunidade "Lionel Messi" já tinha 115 inscritos no Brasil. Nunca esqueço esse número que me impressionou. Nenhuma partida dele havia passado no Brasil ainda. A gente o conhecia de ler. Nem de ouvir. Muito menos ver.

Desgraçadamente não lembro a primeira vez que realmente o vi. Provável que entrando com a bola rolando no grande time que Rijkaard começava a formar. Com o imenso bruxo de Messi - Ronaldinho Gaúcho. Um que tive também o privilégio de comentar sua estreia em TV aberta. Sul-Americano Sub-17 em 1997. Brasil 1 x 1 Chile. Jota Júnior me passa a vez na Band para analisar o fraco primeiro tempo e eu não tenho como errar: "Jota, o Brasil de Zagallo celebra hoje a dupla Ro-Ro, Romário e Ronaldo, para a Copa de 1998. Em 2002, ela vai continuar. Com Ronaldo e esse outro menino Ronaldo".

Com Messi não foi tão imediata a admiração. Mas foi crescendo a ponto de me tornar messiânico ainda em 2006. Como sou sincretista e, nos últimos anos, também me converti ao Cristianismo Ronaldo.

Sempre cabe mais um no coração do torcedor.

Mas ainda pra mim não surgiu nada além de Messi no topo como tou único.

Vejo futebol desde 1972. A tecnologia me permite ver vários jogos completos e importantes anteriores de Di Stéfano, Puskás, Didi, Garrincha, Pelé, Kopa, Rivera, Eusébio, Coluna, Bobby Charlton, Cruyff, Beckenbauer, Pedro Rocha.

E, claro, para mim, o único que tinha jogo com Pelé - Maradona.

Mais do que Rivellino, Zico, Falcão, Tostão, Ademir da Guia, e tantos outros desde os anos 1970.

Ou nem tantos assim.

Para mim, por aquilo que ainda não tinha visto em 2004, mas fui levado com o tempo pela canhota mágica, pela obstinação absurda, pela objetividade única, pelo faro pelo gol, pelo apuro no dible, pelo gosto em jogar e não se jogar, pelo dever de apanhar sem sair rolando, não vi nada que se compare a Messi.

Ninguém.

Os números de CR7 são absurdos. Maior artilheiro da Champions, mais gols em média pelo Madrid do que Messi pela Barcelona.

Mas a média de gols e de assistências de Messi é maior. A cada 72 minutos ele cria ou marca um gol pelo seu time.

Só que não quero falar de números. Eles não medem Messi.

Se para os argentinos (com razão e muita emoção) Maradona é maior e pode até mesmo ser melhor, para o mundo é Messi - mesmo não conquistando o mundo como Maradona ganhou quase sozinho em 1986, e quatro anos depois das Malvinas, metendo a mão na bola inglesa, e marcando um gol de Pelé. De Maradona. E como tantos de Messi (não em Copas, mas não sejamos reféns só de Mundiais).

Messi ser o melhor é como eleger Beatles melhores do que os Stones. Também é gosto. Como escolher Mozart a Beethoven.

Tem como comparar. Mas tem gosto pessoal. Sentimentos. Identidades.

É preciso respeitar. Como é dever amar o que ele faz com a bola. Não como firula ou filigrana. Mas como fim. Messi não faz bolinha, altinha, embaixadinha, gracejo, gracinha. Ele quer fazer gol. Acho até mesmo que a vitória é consequência do desejo de gol.

Ele quer fazer o que é mais lindo - gol. E do jeito mais lindo - desde que não se perca pelo caminho como ele não perde a bola. Nem o jeito único.

Admirável. Messiânico.

São 33 anos de Messi. O fim está mais próximo do que aquele começo que eu não sabia o que seria.

Mas, se eu soubesse, nem assim imaginaria tão Messi como é.

El mejor.

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