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O Imperador segue fazendo gol todo dia

Seis anos do último gol do Imperador como profissional. Podemos nos deliciar imaginando o que Adriano poderia ter sido a mais, mas sem desrespeitar as escolhas que ele acabou tendo que tomar

 (Gustavo Oliveira/Site Oficial do CAP)
(Gustavo Oliveira/Site Oficial do CAP)

Por Vitor Sérgio Rodrigues

Você se lembra que Adriano Imperador jogou pelo Athletico Paranense? Muita gente vai dizer que não. Mas ele jogou. Foi em 2014, num total de quatro jogos e apenas um gol. Esse gol solitário está fazendo aniversário neste 8 de abrirl de 2020, seis anos. É o último gol marcado por Adriano como profissional. Acionado por Marcelo Cirino no segundo pau, ele ajeitou a passada para tocar de pé esquerdo para a rede, empatando o jogo contra o The Strongest, na altitude de La Paz. Naquele momento, era o gol que dava ao Furacão a vaga nas oitavas-de-final, mas isso durou pouco, já que no início do segundo tempo o time boliviano fez 2 a 1, ficou com a vitória e com a vaga no mata-mata da Libertadores.

Durou pouco. Essa é uma sensação recorrente quando lembramos de Adriano Imperador. Durou menos do que podia na Inter de Milão e na Europa. Durou menos do que podia na seleção brasileira, com pelo menos mais duas Copas do Mundo no currículo. Durou menos do que podia jogando (e fazendo a diferença!) no futebol brasileiro. Por toda a qualidade que Adriano tinha, por toda a capacidade dele, hoje, em abril de 2020, poderíamos estar comemorando o último gol de Adriano como profissional. Mas não seria um aniversário de seis anos. Seria de dois, no máximo três anos. Pois quando ele balançou a rede com a camisa do Athletico, ele tinha 32 anos. Poderia ter jogado facilmente até os 35 ou 36 anos. Não duvidaria que tinha futebol para jogar até hoje. Mas durou pouco.

Na nossa ânsia preemente e recorrente de julgar tudo e todos a todo instante, a frase que parece sair da boca no automático é “Que pena, Adriano não quis!”. Eu mesmo já devo ter usado ela em algum programa ao vivo, em algum texto implacável ou alguma postagem (supostamente) despretensiosa por aí. Hoje sou incapaz de repetir isso. Hoje eu tenho convicção em afirmar “Que pena, Adriano não conseguiu...”.

Porque tenho pouco dúvidas que querer, Adriano quis muito após sair do Flamengo em 2010. Quis na Roma. Quis no Corinthians. Quis no Athletico (não sei se quis tanto no Miami United, mais aí é outro nivel...). Mas a verdade é que ele não conseguiu. Envolto com seus vários fantasmas pessoais (que todos temos), Adriano queria ser um jogador profissional no nível que ele podia ser. Mas não conseguia. A rotina diária exigida para você ser o Adriano Imperador era a inimiga dele. Não se trata de querer. Se trata de conseguir.

Nunca conversei com Adriano sobre isso. Mas a minha impressão é que ele se conformou com isso. E se ele se conformou, eu, daqui, me conformei também. Sem julgamentos, sem cobrança e sem diminuir o Imperador em nada. Podemos nos deliciar imaginando o que Adriano Imperador poderia ter sido. Mas nunca, sem desrespeitar as decisões que ele tomou. Na verdade, é motivo de muito respeito ver que Adriano “só quer ser feliz, andar tranquilamento na favela onde ele nasceu”. Pensando bem, fazer isso, para Adriano, é marcar um gol todo dia. O aniversário de seis anos do último gol dele fica sendo uma tola contagem nossa mesmo...

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