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O Maracanã não merecia comemorar 70 anos assim...

As prioridades para os políticos estão aí. As prioridades para os dirigentes do futebol estão aí. Eles só poderiam buscar o que de verdade lhe importam sem usar o Maracanã, repito, palco de um hospital de campanha para salvar pessoas, como pano de fundo para isso

Uns lutando por três pontos, outros lutando pela vida
Uns lutando por três pontos, outros lutando pela vida

Por Vitor Sérgio Rodrigues

As minhas maiores alegrias com o futebol e algumas grandes tristezas eu vivi dentro do Maracanã. Tirando as casas onde morei, é o lugar em que eu mais fui feliz. Em que vi um jogo de futebol no estádio pela primeira vez, que me apaixonei por esse esporte que alterou a minha vida. Houve uma época em minha vida que eu ia ao Maracanã praticamente todos os dois da semana, ver qualquer jogo. Depois passei a trabalhar no estádio, que passou por várias modificações, mas sempre continuou sendo o Maraca. Nesta terça, 16 de junho, em que o “Maior do Mundo” completa 70 anos, o presente é um show de insensibilidade e falta de apreço à vida.

Na calada da noite, os homens que dirigem o futebol carioca (menos os de Fluminense e do Botafogo) deram de presente ao Maracanã a provável retomada do Campeonato Carioca daqui a dois dias, em meio a uma pandemia que vem matando centenas de brasileiros a cada dia. Em um momento em que não há nenhuma certeza de que o cenário está seguro para investir esforços para retornar a prática do futebol, enquanto dentro do mesmo muro do Maracanã há um hospital de campanha em que médicos se esforçam para evitar que pessoas morram sem conseguir respirar. Em meio a uma população reconhecidamente muito menos testada para Coronavírus do que deveria. O Maraca não merecia ser “presenteado” assim.

Ao longo do dia dos 70 anos do Maracanã, as informações vão se sucedendo de deixando claro o tamanho do presente de grego que vão dar ao nosso “Maior do Mundo”: o prefeito da cidade do Rio de Janeiro autorizou o reinício das competições esportivas. Em evento sem público. Mas ele, o prefeito que está buscando sua reeleição, garante que se houver jogo estará lá, na quinta-feira, assistindo Flamengo x Bangu. Informou também que Junto a ele estará o presidente da República, que sairá de Brasília para acompanhar a partida. Ou seja, em meio a uma pandemia que mata centena de brasileiros todos os dias, o prefeito do Rio de Janeiro e o presidente do Brasil vão assistir a um jogo de futebol que, para os brasileiros comuns, é sem público. Dois dias após os 70 anos do Maracanã, o estádio viraria (virará) um palco grotesco para uma cena política de baixíssima estirpe.

A menos que esse cenário de insensibilidade seja revertido na reunião do Conselho Arbitral que será realizado na noite desta terça-feira, tudo isso dois dias após a decisão de que o Campeonato Carioca deveria ser retomado. Dois dias. A sensação de pressa é evidente. E real. Por trás dela passa um plano mais ousado da cúpula do futebol carioca, Flamengo, Vasco e Ferj, para criar um cenário que possibilite o início do Campeonato Brasileiro. Na última semana de julho ou na primeira semana de agosto. Ninguém fala publicamente sobre isso, mas nos bastidores os dirigentes confirmam que “voltando o Carioca, os outros estaduais voltarão logo na sequência”. E logo depois, o início do Brasileirão é a próxima meta. Como o campeonato nacional começando, voltam a cair na conta dos clubes as receitas de direitos de transmissão. Como o Brasil vai estar no combate ao Coronavírus até lá? Depois pensa-se nisso...

As prioridades para os políticos estão aí. As prioridades para os dirigentes do futebol estão aí. Eles só poderiam buscar o que de verdade lhe importam sem usar o Maracanã, repito, palco de um hospital de campanha para salvar pessoas, como pano de fundo para isso. O “Maior do Mundo” não merecia isso. Muito menos ao completar 70 anos.

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