O dia em que quase joguei um recém-nascido pro alto
Santos e Flamengo fizeram um jogo épico naquele 27 de julho de 2011. Minha filha tinha menos de dois meses. E escapou por pouco.
Por Bruno Formiga
Sarah nasceu no dia 2 de junho de 2011. E 55 dias depois estava no meu colo, no sofá de casa, dormindo o sono dos justos. Já era tarde pra ela, diga-se. Mas era uma recém-nascida agitada. Acordava toda hora. Minha mulher estava um caco. E precisava de descanso. Foi ai que entrei - o que não era mais que obrigação.
Renata foi deitar e Sarah veio pra mim. Os jogadores aqueciam na Vila Belmiro para Santos e Flamengo. Expectativa grande para o encontro de dois estilos parecidos e, principalmente, de Neymar com Ronaldinho.
Santos e Flamengo estavam bem na temporada.
Som quase no mudo e repertório da Galinha Pintadinha lá em cima. Canta daqui, canta dali. Sarah foi dormindo de novo. Ferrando (e cerrando os olhos) aos poucos. Beeeem aos poucos.
O árbitro apitou. Bola em jogo.
E ela em risco.
A partida já começou em um ritmo maluco. Muitas chances, muitos lances. E muitos gols. Um logo aos quatro e outro aos 16 minutos. Aos 26 uma obra-prima de Neymar, fazendo 3x0 para o Santos. Eu não acreditava no que tava vendo.
É preciso dizer que o jogo foi histórico, lindo, maravilhoso. Mas também cheio de erros.
Um deles de Elano, batendo pênalti de cavadinha no peito de Felipe;
Aquilo poderia ter matado o Flamengo.
Mas foi a deixa para uma reação louca e improvável.
Àquela altura estava 3x2. E pouco depois da cobrança ridícula veio o empate rubro-negro.
Seis gols no primeiro tempo e muitos momentos impressionantes! Sarah sacudia no meu colo. Mas o balanço fazia com que ela seguisse dormindo. Parecia estar em um carro, trepidando no asfalto.
Veio o segundo tempo. Mais loucura.
Renata seguia deitada. E eu com a Sarah no colo.
Santos e Flamengo seguiam errando muito e acertando demais na Vila.
Mais golaços, mais lances incríveis.
E a virada do Flamengo, com Ronaldinho metendo dois. Um de falta e um em contra-ataque.
Nessa hora eu levantei do sofá. Por meio segundo esqueci que a Sarah tava no meu colo. O movimento foi quase automático. E nessa hora o braço vai junto. Vai pra cima!
Ainda bem que o instinto me salvou. E salvou a Sarah.
Ela chegou a descolar uns centímetros do colo. Mas contive a emoção. E a minha filha, sã e salva.
O jogo acabou. Entrou pra história. E eu escapei de uma tragédia. kkkkkkkkk