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O dilema dos clubes na crise: como pedir ajuda a quem já tem tão pouco?

Uma das alternativas para que os clubes driblem a crise e diminuam os prejuízos é apelar para a paixão do torcedor. Mas como pedir ajuda para um negócio milionário em um momento tão delicado para todos?

Por Bruno Formiga

Comentaristas e repórteres do Esporte Interativo estão juntos na produção de uma série de reportagens sobre o impacto do Coronavírus na vida financeira dos clubes e como as diretorias têm feito para evitar prejuízos ainda maiores. Muitas entrevistas boas e frases fortes. Mas um assunto em específico me chamou a atenção: como pedir dinheiro para o torcedor que muitas vezes nem pra ele tem?

Eu e Monique Danello ouvimos esse dilema do diretor de marketing do Fortaleza, Márcio Persivo. Um sentimento genuíno de quem sabe que o futebol não é o mais importante agora.

- Tudo bem que estamos pedindo dinheiro para manutenção de base, funcionários. Não podemos ser tão comerciais nesse momento. Não estamos criando oferta de varejo. É mais para proteção do funcionário e sócio, arrecadando para pagar quem trabalha no grupo. Não da para pedir toda hora, não temos muito a oferecer, eles (torcedores) têm outras prioridades em casa.

Outros clubes devem passar pelo mesmo. Os perfis econômicos dos sócios e dos torcedores variam. Mas até mesmo gente com mais condição está sofrendo com a paralisação e perda de renda. Nestas horas, a comunicação é delicada.

Difícil pedir para o sócio-torcedor seguir pagando mesmo sem jogos. Dfícil tentar vender produto não-fundamental com tantos perdendo emprego. Difícil pedir ajuda pra quem já não possui sobrando. Ainda mais em um negócio milionário e com salários na ponta da pirâmide muito desconectados da realidade da maioria.

Para se ter uma ideia, como escrevi outro dia neste espaço, a folha do elenco do Flamengo passa dos R$ 20 milhões. Todos os outros funcionários juntos não custam R$ 4 milhões. Outro exemplo: O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, lembrou que o que ganham dois dos jogadores mais caros do time paga praticamente toda a folha mensal de quem trabalha no clube.

Com valores tão altos sendo faldos toda hora na TV, no rádio e nas redes sociais, a impressão que muitos têm é de que o futebol é uma grande Disney. Mas por trás dos altos salários tem gente comum, ganhando pouco e trabalhando muito.

São essas as primeiras que sofrem quando um time entra em crise e perde receita. Portanto, o desafio de manter essas pessoas em dia e ao mesmo tempo conseguir com que o torcedor ajude é gigantesco.

Um conflito necessário, mas quase moral.

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