O 'mundo invertido' do Bi rubro-negro da Libertadores
Flamengo perdia a final da competição até os 43 minutos do segundo tempo; porém, com dois de Gabigol, time de Jorge Jesus virou sobre o River Plate e conquistou pela segunda vez o título mais importantes das Américas
Montevidéu. Dia 9 de maio de 2019. Aos 47 do segundo tempo, Vitinho recebe em profundidade saindo de seu campo, entra no campo do Peñarol totalmente livre, Tinha tudo para ser o gol da vitória do Flamengo sobre o clube uruguaio por 1 a 0, selando a classificação para o mata-mata da Libertadores, já que o Rubro-Negro jogava pelo empate. Mas o atacante, sozinho, ajeitou e chutou em cima do goleiro Dawson. O desfecho normal daquele jogo seria, no último lance do jogo, uma bola pingada na área do Flamengo, algum jogador uruguaio encostando na bola e fazendo o gol que eliminaria o Flamengo, com aquele “oooooooohhhh” característico da torcida uruguaia tomando conta do Estádio Campeón del Siglo.
Só que 2019 não era um ano normal para o Flamengo. Podemos dizer que 2019 é o ano do “mundo invertido”. O ano quem que o Flamengo e a Libertadores da América resolveram se entender. Aquele lance do Vitinho significou o “upside down” do futebol rubro-negro. Em alguma dimensão paralela, o gol do Peñarol saiu e causou a quinta eliminação do Flamengo na fase de grupos neste século. No nosso mundo, o Flamengo segurou aquele injusto 0 a 0 (o time carioca produziu para vencer por pelo menos 3 a 0...) e se classificou para o mata-mata.
Uma classificação vital para o futuro do clube. Seja pelo alto investimento feito no início do ano. Seja porque o time teria um recomeço com a troca do treinador (que aconteceria mais dia, menos dia). Seja porque a classificação possibilitou a concretização das contratações que estavam engatilhadas para o meio do ano. A chance de Flamengo e a Libertadores se reconciliarem após quase 20 anos de maus tratos recíprocos dependia de que o gol do Peñarol não saísse neste mundo. E não saiu.
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E como valeu não ter saído. O Fla foi buscar Jorge Jesus para quebrar paradigmas do futebol rubro-negro. Fazer um time agressivo, que aceitava correr risco para se impor contra qualquer adversário, dentro ou fora de casa. Para transformar jogadores como William Arão, Éverton Ribeiro e Diego, como se eles fossem suas versões da outra dimensão. Para conseguir fazer Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta produzirem juntos, que até então era um problema em vez de solução. Para colocar quatro peças novas no time de forma que parecessem que jogaram a vida inteira no clube, como rolou com Rafinha, Filipe Luís, Gérson e Pablo Marí. E assim, o que virou o mundo invertido passou a ter um outro Fla.
O “upside down” rubro-negro seguiu dando provas de que não seria contido. O 2019 deu muitas amostras de que conseguiria transformar a conflituosa relação entre Fla e Libertadores num bonito caso de amor. Como no que seria o pênalti a favor Emelec em Guaiaquil, ganhando por 2 a 0, que foi anulado por um toque de mão no início da jogada. Quer teste maior do que o Fla conseguindo descontar a derrota por 2 a 0 no Equador e se classificar nos pênaltis naquela inesquecível noite de quarta-feira no Maracanã (eu sei que você vai falar do pênalti no Rafinha no primeiro gol, que eu também achei que não foi...)?
A partir daí, o caminho do Fla previa muitos pesos-pesados da competição, contra um Fla que mais passava vergonha do que tinha alegrias na Libertadores. Mas o que se viu foi um Flamengo dominante na grande maioria do tempo nos confrontos contra o bicampeão Internacional e o tricampeão Grêmio (com direito a uma outra noite de “mundo invertido” com aquele estonteante 5 a 0 na partida de volta). Mas não sem antes o “upside down” se fazer presente. Em alguma outra dimensão, o Nico López acertou o canto naquele chute da meia-direita após o 2 a 0 no Maracanã ou talvez o Filipe Luís não conseguiu travar o chute de Maicon enquanto o segundo jogo com o Grêmio ainda estava 0 a 0.
Para fechar a história dos mundos paralelos, a grande final. Na pior atuação do Flamengo em muito tempo. Os portos-seguros Rafinha e Filipe Luís erraram tudo, com e sem bola. Gérson e Arão estavam perdidos e sem conseguir proteger a área. Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol não conseguiam fazer nada. O River Plate dominou a partir do 10 minutos, fez o gol e jogou para aumentar. Algumas bolas passaram raspando. Outras foram desperdiças e o Flamengo teve a chance de ficar vivo.
Queria o “upside down” rubro-negro que Diego, a maior personificação dos “quases” do clube nos últimos anos, tivesse um papel fundamental. Logo ele que esteve praticamente fora do time no início do ano. E sofreu uma fratura contra o Emelec e talvez nem voltasse a atuar neste ano. Ele entrou no lugar de Gérson e mudou o jogo. O Fla ganhou o controle no meio e passou a ter chances nos últimos 15 minutos. Diego pressiona Pratto e dá início ao gol de empate, em grande jogada de Arrascaeta na puxada e na assistência, de Bruno Henrique na construção e com Gabigol empurrando. O 1 a 1 aos 44 minutos era muito mais do que o cenário do jogo recomendava. Mas nem prorrogação houve. Após um chutão para frente, Pinola perdeu a disputa na força com Gabigol, que soltou a bomba de esquerda dentro da área. Fla 2 a 1. Em novembro de 2019, a América de novo!
Demorou, mas o Flamengo e a Libertadores fizeram as pazes. Precisou um mundo invertido para isso acontecer. A torcida rubro-negra reza para que não desinverta nunca mais. Maktub. 2019.