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A cobrança ao futebol escancara as raízes da desigualdade

Jordan Henderson lidera parceria com o sistema público de saúde britânico
Jordan Henderson lidera parceria com o sistema público de saúde britânico - Javier Garcia (BPI/REX)

Por Fred Caldeira

A crise é de saúde, por consequência econômica e, acima de tudo, social. Se você, como eu, pode viver a quarentena de casa é porque algum privilégio tem - e é fundamental reconhecê-lo. É evidente que o motorista do ônibus que não para tem mais chances de ser infectado do que nós. O maior grupo de risco é formado pelos mais vulneráveis, e talvez os passos que damos em direção ao colapso nos façam assumir uma releitura das desigualdades.

É complicado cobrar do futebol o papel que deveria ser de governos e dos ideais enquanto sociedade. Recentemente, aqui na Inglaterra, os jogadores tornaram-se alvos fáceis, inclusive com cobranças de quem deveria ter a solução, como escrevi na coluna anterior. Há um senso comum de que os mais endinheirados devem ajudar os menos. O atacante Sadio Mané virou notícia por liderar a construção de um hospital em Senegal, o que é admirável. Só que a filantropia pode facilmente tornar-se muleta para um poder público ineficiente.

Em decisão conjunta, os jogadores da Premier League acabam de anunciar uma parceria com o sistema público de saúde britânico. O acordo foi costurado com cuidado, principalmente porque os atletas exigiram garantias de que a doação será distribuída de maneira planejada aos locais mais necessitados. Mais uma vez, palmas à iniciativa que, em um mundo menos desigual, não deveria existir.

No mesmo compasso em que é importante valorizar a solidariedade, também é preciso entender o que deu errado para que tais gestos ganhem contornos de urgência. O futebol não deveria ter o papel que lhe é cobrado.

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