Sim, foi pênalti!

Após analisar o lance uma primeira vez, convido todos a reverem e reavaliarem ao final do texto, após minha análise.
A tentativa neste tipo de exercício nunca será justificar erros, mas sempre trazer a você, telespectador, uma visão técnica e mais humana acerca do árbitro.
Dito isto, analisando posicionamento e deslocamento, não vejo como o árbitro central poderia estar melhor posicionado. Percorreu a tradicional diagonal dos árbitros no desenvolvimento da jogada e chegou junto com o cruzamento na quina da área, onde se apresentava o maior perigo. Dali, se o jogador que cruzou resolve dar o "facão" para dentro da área, o árbitro busca a linha da grande área perpendicular a linha de fundo (situação de dentro e fora da área = possível pênalti), cobrindo esse perigo.
Se cruza, como de fato ocorreu, o árbitro está mais perto de um possível confronto entre dois jogadores no meio da área ou de um bloqueio com as mãos (que também seria pênalti).
O que falhou, então, se ele estava onde deveria estar? Na minha opinião, concentração para ver e não apenas olhar. Repare que ele acompanha com a cabeça a trajetória da bola ao invés de buscar direto as possibilidades de bloqueio e fixar seu poder de ver e interpretar. Quando não fazemos isso e acompanhamos a bola, normalmente vemos o contato depois dele ter acontecido ou, como neste caso, nos distraímos com algum desvio antes.
Antes de chegar no braço de Arão, a bola toca o bico da chuteira de Rodrigo Caio, tomando o rumo para fora da área e não de arremate ao gol.
Tudo isso, somado ao fato de a bola ter tocado antes o peito de Arão do que sua mão, ajuda a um árbitro destreinado a "colar as placas" e se colocar em dúvida. Sim...dúvida! O maior gesto corporal dele que comprova isso foi ter levado o apito a boca e não ter apitado. Isso nunca acontece porque, premeditadamente, não queremos apitar, como imaginam os torcedores, mas sim porque nos colocamos em dúvida. Sabe o que faz um árbitro em dúvida? Joga sua decisão para baixo. Exatamente como aconteceu neste lance.
Se a dúvida for entre dar o pênalti e deixar seguir o jogo, acredite, o jogo vai seguir.
Em 20 anos eu nunca fiquei 3 meses sem apitar. Mas em todo retorno, no início de cada ano, parecia que estava reaprendendo.
Wagner Magalhães, o árbitro deste jogo, não teve nenhuma oportunidade de treinar como os jogadores daquela partida tiveram. Mesmo assim, aceitamos melhor os erros de passes de dois metros e finalizações a gol que aconteceram por parte dos atletas daquele jogo do que os erros dos homens de preto.
Não tenho a mínima pretensão de torná-los mais aceitáveis aos olhos dos torcedores, mas tenho a obrigação de torná-los mais humanos.
Pronto, agora você já pode voltar lá no vídeo e reavaliavar com mais embasamento técnico.