Supostos criminosos? Supostos seres humanos
Profissionais do futebol precisam mais do que cruzar braços e pernas contra a violência fora de campo.
Por Mauro Beting
Como os mafiosos ensinam, exceção feita à morte de Sonny Corleone e do filho do Tattaglia, com os filhos não se mexem.
Jamais.
A ameaça ao filho de 10 anos do lateral corintiano Fagner feita não só por um suposto criminoso, mas por de fato um suposto ser humano, só não é mais absurda e abjeta porque neste país desmoralizamos o inacreditável. Até o inafiançável.
Bípedes de quatro patas como esses (com o respeito devido apenas aos animais) estão mais expostos pelas redes antissociais. Sempre existiram. Mas agora têm mais voz. Mais vez. Vazam os coliformes mentais mais facilmente pela esgotosfera sem saneamento e sem o básico.
Mas também nós da mídia somos irresponsáveis com críticas e perseguições sem responsabilidade. Nossa incultura de resultados leva a essa perseguição a atletas de fato limitados. E também a multicampeões como Fagner que nem sempre são vencedores. E mesmo se não fossem, não merecem o que sofrem.
Pressionar profissionais e remunerados do futebol na base sem fundamento de "é pelo terror se não for pelo amor" não é que não funciona.
É crime.
Ninguém está de sacanagem jogando. Claro que até pode haver quem esteja de mal com tudo quando a bola está de mal com ele. Mas achar que todos estão ou são assim. E que trancos ilegais e amorais resolvem é dar mesmo arma aos bandidos.
Eu até tentaria chamar a atenção dos apedeutas de que isso só afugenta do clube as chuteiras de boa vontade. Que isso só piora o futebol que já tem sido horroroso.
Mas seria pedir raciocínio a quem foi mal parido para pensar.
O futebol precisa dar um basta a essas bestas. Para não extrapolar no trocadilho de bosta.