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Futebol Brasileiro

Bahia: ações de marketing e fortalecimento da relação com sócio para superar crise

Sem receitas, clube baiano projeta vender atletas para seguir em dia na pandemia

Torcida do Bahia é um trunfo do Bahia em relação ao seu caixa
Torcida do Bahia é um trunfo do Bahia em relação ao seu caixa (Felipe Oliveira / EC Bahia)

Por Aline Nastari e Vitor Sergio Rodrigues

A rota da reconstrução do Bahia como uma instituição sólida, desde a retirada do ex-presidente Marcelo Guimarães Filho do poder em julho de 2013, não pode ser ameaçada pela crise provocada pelo Coronavírus. Essa é a principal diretriz da diretoria comandada pelo presidente Guilherme Bellintani. Mas o dirigente não esconde o tamanho do desafio para manter todas as contas em dia neste momento em que o Bahia sofre com uma grande diminuição de receitas:

“A situação é muito difícil. A gente hoje, praticamente, só tem a receita do plano de sócio-torcedor. A gente vem organizado, cumprindo bem os seus compromissos financeiros, mas num momento como esse, vira uma confusão. O mundo ‘esconde o dinheiro’, para de circular... Mas com o trabalho que a gente vem fazendo, vamos conseguir superar”, disse Bellintani ao ídolo do clube Bobô em uma live na internet, destacando que até aqui, no meio de maio, o Bahia não atrasou nada, mas que a dificuldade será muito maior em junho.

Presidente do Bahia em entrevista coletiva | Felipe Oliveira / EC Bahia
Presidente do Bahia em entrevista coletiva | Felipe Oliveira / EC Bahia

Esse dinheiro “escondido” obrigou o Bahia a refazer vários planos. O orçamento para 2020 previa uma receita bruta de R$179 milhões, R$36 milhões a mais do projetado em 2019. O clube vem aumentando ano após ano o valor arrecadado nesse processo de reconstrução. Mas diante do cenário de crise no futebol, o clube estima um prejuízo de 20 ou 30% da receita total. Com essa situação, a venda de jogadores (que respondia por 30% das receitas orçadas para este ano) acaba virando uma necessidade ainda maior.

Futebol: venda de jogadores, reduções de salários e fim do time de transição.

“Por uma questão de responsabilidade, não pensamos em nenhuma contratação. Vamos com esse elenco e ainda vamos precisar, com muito cuidado, vender atletas”, afirmou Bellintani a Bobô.

O cuidado entre equilibrar a força da equipe, que fez um bom Brasileirão no ano passado, sem deixar com que as contas fujam do controle é o desafio do departamento de futebol do Bahia, que tem alguns jogadores muito valorizados. O volante Gregore é um deles. Em recente entrevista ao Esporte Interativo, o atleta disse que teve chance de sair e decidiu ficar recentemente, mas que poderia repensar diante deste quadro de pandemia.

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“No começo do ano, teve uma proposta dos EUA, Seattle. Pensei: se a proposta para eu ficar for boa, vou ficar, porque estou feliz aqui. Foi o que aconteceu. Agora, com essa situação, se vier uma proposta boa para mim profissionalmente e boa para o clube, vamos pensar em sair com as portas abertas”, afirmou o volante.

Os jogadores e a comissão técnica entenderam o esforço que o Bahia precisa fazer durante esta crise e aceitaram reduzir seus salários em 25% até os jogos voltarem a ser realizados. A medida também atingiu toda a diretoria tricolor, com uma exceção: o presidente Guilherme Bellintani. No caso do presidente do clube, o corte no salário foi total. Ele ficará sem receber durante este período de crise.

Também para aliviar os gastos, o Bahia terminou a equipe de transição, formada por jogadores jovens que ainda precisavam de desenvolvimento para chegar ao time principal e era comandada pelo técnico Dado Cavalcanti. O time, semifinalistas do Brasileiro de Aspirantes no ano passado, liderava o Campeonato Baiano profissional em 2020.

Durante maior crise do Bahia antes da retomada em 2013, quem manteve o clube vivo foi sua apaixonada torcida. E os tricolores têm um papel importantíssimo agora, seja em forma de paciência com os rumos do time neste ano, bem como continuar pagando sustentando o clube com um plano de sócio-torcedor forte. Neste momento, é que tem ajudado o Bahia.

Marketing social e financeiro: #JuntosVenceremos

- Sócio-torcedor

Desde o início da pandemia o clube lançou a campanha #JuntosVenceremos deixando claro a importância dos apaixonados pelo Bahia no combate ao coronavírus, seja no âmbito social ou no aspecto financeiro. Diversas ações foram feitas para evitar a inadimplência e a evasão dos planos de sócio. O clube agiu com intuito de fortalecer o programa Sócio Esquadrão que se tornou nesse momento a principal fonte de renda do tricolor. No início da temporada a estimativa era de arrecadação de R$27 milhões com o programa e a meta era chegar nos 50 mil sócios. O clube não esconde que já teve uma redução nesse período como revela o Gerente de Negócios do clube, Lênin Franco.

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“Temos tido queda nos pagamentos que está dentro da realidade que já imaginávamos por causa da pandemia. Mas não temos como cravar que se a gente não fizesse ação seria maior e que essas ações foi o que segurou até onde está. É difícil porque é algo novo e não há estudo por trás de avaliação de impacto. Estamos sempre monitorando e tentando diminuir a inadimplência com novas ações”.

Como forma de homenagear os associados que tem ajudado o clube durante a pandemia, um monumento já está sendo construído no CT Evaristo de Macedo. A ideia é eternizar os torcedores que mantiveram o pagamento em dia durante a crise com os nomes dos sócios escrito em um grande escudo. Obra batizada de “Juntos Venceremos”.

Além disso, os assinantes que estão adimplentes ganharam 31% de desconto na loja oficial do Bahia. Essa ação gerou uma outra fonte de arrecadação, a venda de produtos licenciados. A procura por camisas foi tão grande que o clube teve que aumentar o estoque, mais de 5 mil peças foram vendidas.

Para os associados em maior dificuldade, o clube ofereceu uma redução na mensalidade. Os descontos foram progressivos, de R$10 a R$40, quanto mais caro o plano, maior o desconto. Os assinantes do programa “Bahia da Massa” tiveram desconto de 10 reais, de R$64 passaram a pagar R$54. Para quem é sócio do plano “Cadeira” a redução foi de 20 reais, pagando R$79. No “Cadeira Especial” 30 reais de bônus, chegando a um valor de R$99. E ao sócio do pacote “Lounge” um desconto de R$40, passando de R$259 para R$219. Importante ressaltar que o desconto é opcional e que os torcedores que fizerem essa escolha não estão incluídos na homenagem e não terão o desconto nas lojas.

Uma outra preocupação é manter a aproximação com o torcedor em meio a pandemia, e o departamento de comunicação do clube vem agindo de diversas formas. Um exemplo, foi a ligação de atletas do time profissional para os sócios que se recuperaram do Covid-19.

“É difícil você avaliar o impacto se é positivo ou negativo das ações em termos de números, porque estamos vivendo uma situação atípica. Temos feito muitas ações para segurar o sócio que é nossa principal fonte de renda hoje. Tanto as ações de interação com torcedores, mas principalmente também, ações de compensação, ou seja, descontos no nosso e-commerce, possibilidades de descontos na mensalidade, homenagem no CT para quem se mantiver adimplente” – disse Lênin Franco.

- Outras ações

O departamento de marketing aproveitou esse tempo de paralisação do futebol e a saudade dos torcedores para colocar em prática um novo produto. Com a redução de caixa e visando manter o projeto “Dignidade aos ídolos”, em que o clube ajuda financeiramente grandes estrelas do Bahia, os gestores do clube trabalharam na monetização das reprises de jogos marcantes. As primeiras partidas escolhidas foram a semifinal e a final da Copa do Nordeste de 2017, além da vitória do Bahia por 2x1 sobre o Fluminense, jogo recorde de público da história da Fonte Nova que colocou o time na final do Brasileiro de 88. Para esse último, mais de 10 mil ingressos virtuais foram vendidos. A ideia da ação foi criar uma experiência ao torcedor com réplica do ticket da época, cupons de desconto não só para restaurantes delivery, como para a compra de camisa do Bahia. Mais uma retransmissão está sendo organizada, dessa vez será o jogo da final de 1988 contra o Inter.

Bahia inaugurou o CT Evaristo de Macedo | Crédito: Felipe Oliveira / EC Bahia
Bahia inaugurou o CT Evaristo de Macedo | Crédito: Felipe Oliveira / EC Bahia

Recentemente outro projeto foi lançado: a “Copa E-squadrão”. O clube está organizando torneios de FIFA e PES em que os torcedores pagam uma taxa de inscrição, jogam online, passando por 5 seletivas e um torneio final. O campeão de cada seletiva terá direito a uma premiação. Pequenos projetos que juntos podem trazer um aumento de receita importante em meio à crise, como afirma Lênin.

“A gente tem que procurar ser bem criativo nos momentos de crise. Além de promoções em lojas que fazem a gente diminuir a margem de receita, mas crescer no volume. Temos buscado alternativas acelerando processos de coisas que eram feitas com mais cautela. Temos buscado também com várias ações, receitas que são menores, mas que juntas podem ajudar no dia a dia e no impacto que a gente tem tido. Acho que a ação principal, como falamos desde o início é no plano de sócios e na venda do e-commerce. Essas conseguem fazer com grande volume e equilibrar a perda natural de receita com a pandemia” – relatou Lênin Franco.

Não só com aumento de receita a administração do clube tem se preocupado, seguindo a linha dos últimos anos, o Bahia tem se dedicado a ajudar a comunidade, principalmente, em tempos tão difíceis. O clube se ofereceu para auxiliar empresas ou pessoas que querem doar, mas não sabem como. O Esquadrão ajuda redirecionando e divulgando a ação. Logo no início da pandemia o tricolor baiano circulou seu ônibus nas ruas de Salvador com uma mensagem de conscientização, pedindo para que população fosse para casa. Além disso, colocou o Fazendão à disposição do governo. O local foi aprovado pela Secretaria de Saúde do estado sendo o primeiro hospital de campanha a ser entregue.

- Patrocínios

O Bahia tem se esforçado para que todas as suas ações sejam atreladas aos patrocinadores, uma saída para dar visibilidade às marcas em meio a ausência de jogos, treinos e entrevistas. Um exemplo é a confecção do vídeo divulgando a doação de seu patrocinador Canaã Alimentos e o anúncio da marca Credcesta publicado em suas redes sociais. Assim, o clube agrada o contratante dando um espaço em uma propriedade que ele não teria direito. Hoje a marca dos anunciantes tem aparecido nas publicações das redes sociais.

Além disso, mesmo em meio a uma crise generalizada o clube vem conseguindo fechar novas parcerias. Um exemplo foi a chegada da Drogasil e Droga Raia, redes de farmácias em que o Sócio Esquadrão passou a ter desconto ao apresentar a carteirinha de sócio ou o CPF.

“A gente tem feito esse tipo de ação. Graças a Deus, temos todos os patrocinadores ainda dentro da casa, nenhum saiu ou rompeu contrato. A gente mantém relação de comunicação quase que diária com eles para que a gente possa monitorar e tentar contornar qualquer eventualidade que aconteça. É muito melhor tentar contornar que perder e tentar recuperar depois” – comentou Lênin Franco.

Renegociação de dívidas

Em meio a um cenário turbulento o Bahia precisa equilibrar ainda as dívidas herdadas do que o clube chama de “Era das Trevas”. Recentemente divulgou uma dívida no valor de R$21,5 milhões de reais de uma ação movida pela empresa Ingresso Fácil em consequências de dívidas adquiridas ainda na gestão de 2011 pelo presidente Marcelo Guimarães Filho, deposto judicialmente por irregularidades em 2013. Em 2009 R$3 milhões foram bloqueados na justiça, agora novos valores foram penhorados, até alcançar o valor de R$18,9 milhões. Mas a decisão não é definitiva. O clube inclusive já entrou com pedido de recurso.

Em nota o tricolor lembrou que “desde o início da Era Democrática, o Esquadrão triplicou as suas receitas (de R$ 64 milhões para R$193 milhões) e desembolsou mais de R$ 120 milhões somente com pagamento de dívidas herdadas”, além disso, o clube deixou claro ainda que caso não precisasse quitar mensalmente débitos originados no passado, o clube poderia manter uma folhar salarial 30% maior no futebol.

Nesse momento, a diretoria trabalha para conseguir um acordo de renegociação das dívidas trabalhistas. Uma audiência está marcada para o final do mês com objetivo de definir essa situação.

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