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Futebol Brasileiro

EXCLUSIVO: Entenda os impactos da pandemia do novo coronavírus no futebol feminino

Prisco Palumbo, presidente da Associação Paulista de Futebol e técnico de futebol feminino da Portuguesa, detalhou como o atual momento impacta na categoria

Equipe que disputou o último Campeonato Paulista, em 2019, sob comando de Prisco Palumbo
Equipe que disputou o último Campeonato Paulista, em 2019, sob comando de Prisco Palumbo - Reprodução/Associação Portuguesa de Desportos (Reprodução/Associação Portuguesa de Desportos)

Por Aline Dias e Victor Lopes

O futebol brasileiro segue paralisado devido à pandemia do novo coronavírus, e a maioria dos clubes enfrenta uma crise financeira por conta da falta de receita com patrocinadores e direitos de transmissão dos jogos.

Com equipes masculinas passando por dificuldades, a reportagem do Esporte Interativo entrou em contato com Prisco Palumbo, presidente da Associação Paulista de Futebol e técnico do time feminino da Portuguesa, para saber como o futebol feminino está lutando com o atual momento.

Naturalmente com menos verba em comparação com os elencos masculinos, muitos clubes sofrem ainda mais com a paralisação dos campeonatos, como o Brasileirão, que já estava em disputa.

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Palumbo declarou que a interrupção foi uma supresa, pois a organização do Campeonato Paulista, por exemplo, estava feita e as equipes tinham uma expectativa muito grande.

O Campeonato Paulista estava muito bem elaborado, já tinha sido realizado o congresso arbitral, 16 equipes, todos jogariam contra todos, seria um campeonato fantástico, estava uma expectativa muito grande", declarou.

O futebol feminino vem em uma ascensão muito boa. Desde a Copa do Mundo do ano passado, muitos momentos marcantes aconteceram, como a final do Paulistão entre Corinthians e São Paulo, na Arena Corinthians, que apresentou um recorde de público em uma partida da categoria, com mais de 28 mil torcedores presentes.

Porém, com quase três meses sem jogos, a situação começa a preocupar, pois é preciso dinheiro para conseguir manter atletas e estruturas. Pensando nisso, a Confederação Brasileira de Futebol cedeu 120 mil reais para as equipes que disputam a Série A1 do Brasileirão e 50 mil reais para aquelas da Série A2.

"Esse dinheiro é para a despesa do feminino. Por exemplo, se você fez um contrato com uma atleta e ela vai ganhar 1.500 reais por mês, o clube recebendo esse dinheiro não atrasa o pagamento (...) O time não tem que dividir esse valor entre as jogadoras. Tem outras despesas, como da Casa de Atletas, de alimentação, de uniforme. A mídia está criticando a Confederação quando deveria elogiar. Agora o clube que não pagou o salário e recebeu R$ 120 mil está errado, aí tem que ser criticado", explicou Prisco Palumbo.

Além disso, o técnico da Lusa aproveitou a ocasião para elogiar a gestão da Federação Paulista de Futebol em relação às equipes femininas e seu campeonato, que, de acordo com Palumbo, é muito forte.

A Federação Paulista indiscutivelmente é a maior e melhor federação com o melhor campeonato feminino que tem. Os outros Estados ainda estão muito atrasados com número de equipes, com a parte técnica das equipes... o Campeonato Paulista é muito forte", destacou.

Confira a entrevista exclusiva na íntegra:

Esporte Interativo: Hoje, qual o cenário do futebol feminino em relação as divisões estaduais e a nível nacional? Quantas divisões existem e quais os números de equipes participantes?

Prisco Palumbo: O Campeonato Paulista tem uma série com 16 equipes, no Campeonato Brasileiro Série A1 também 16 e no Brasileiro Série A2, são 36. Da Série A1 para a A2, são quatro equipes que descem e quatro equipes que sobem.

EI: Como que o futebol feminino recebeu a notícia da paralisação? Como que a paralisação está afetando os clubes? Quais os clubes que estão sendo mais prejudicados?

PP: São duas etapas. Quem já estava disputando o Brasileiro, que começou em fevereiro, as equipes fecharam o elenco em janeiro, já estavam na 4ª indo para a 5ª rodada do Brasileiro, então foi uma parada brusca, infelizmente, estava indo muito bem o campeonato, tanto da Série A1 como da Série A2. O Campeonato Paulista ia começar só 12 de abril, e a paralisação foi em março. No nosso caso da Portuguesa, estava ainda escolhendo o elenco, fechando com as jogadoras, então foi uma paralisação brusca. O Campeonato Paulista estava muito bem elaborado, já tinha sido realizado o congresso arbitral, 16 equipes, todos jogariam contra todos, seria um campeonato fantástico, estava uma expectativa muito grande. Foi uma surpresa. Agora, para o Campeonato Paulista, quem não estava disputando o Brasileiro, tudo bem, não tem tanto problema porque ainda estavam formando o elenco. Agora o Brasileiro já é diferente, parou totalmente.

EI: Como que tem sido feito o trabalho à distância com as atletas para que elas possam manter a forma física? Foi feito um planejamento pra isso? O masculino diariamente tem um acompanhamento médico por meio de treinos online, isso existe no feminino?

PP: Eu orientei no último dia de treinamento: ‘Vocês não parem com o treinamento, continuem na casa de vocês, onde vocês estiverem’. Porque muitas foram viajar para os seus Estados. Só para você ter ideia, eu tinha 12 atletas na Casa do Atleta de outros Estados e todo mundo foi embora. Eu não tinha ainda poder de falar com elas porque elas não tinham assinado, mas de qualquer maneira falei, no sentido até inteligente, para não perderem o que já tinham trabalhado há 40 dias. Não exigi, deixei na cabeça delas, mas tenho acompanhado. Algumas mandam um vídeo para mim do trabalho que estão fazendo. Agora, eu vejo outra preparação pra quem está no Brasileiro. Elas fazem através de vídeos, o preparador está presente, é diferente das equipes do Campeonato Paulista porque não tinha se iniciado ainda.

EI: Nas reuniões da Federação Paulista, o que tem se falado do futebol feminino? Qual o planejamento? Em alguns estados os treinos foram liberados. As equipes femininas também voltaram? Está existindo testes do coronavírus para as atletas?

PP: A Federação Paulista indiscutivelmente é a maior e melhor federação com o melhor campeonato feminino que tem. Os outros Estados ainda estão muito atrasados com número de equipes, com a parte técnica das equipes... o Campeonato Paulista é muito forte. Só para ter ideia, nós temos nove paulistas no Campeonato Brasileiro. Eles têm um planejamento, as equipes do Campeonato Paulista, nem todas porque têm algumas mais humildes, mas têm um planejamento e todos agora, devido a esse problema, estão fazendo um treinamento separado, cada uma em sua casa. Dependendo da equipe, o preparador físico acaba trabalhando. No caso da Portuguesa, nós deixamos liberados porque a atleta não tinha assinado ainda, mas também estão treinando. E não se apresentou nada ainda, nem Campeonato Paulista nem Brasileiro, não se sabe data, não se sabe se vão ser 16 equipes, algumas podem até sair por falta de patrocinadores, enfim. Estamos aguardando.

EI: A CBF repassou para alguns clubes cerca de 120 mil reais. Quais clubes receberam esse valor? E como que os clubes têm trabalhado com esse dinheiro? É para as atletas? É para o investimento no futebol feminino?

PP: A Confederação Brasileira passou 120 mil reais para as equipes que estão disputando a Série A1 e 50 mil reais para as equipes da Série A2. Vi o pessoal da mídia falando que esses 120 mil reais era para dividir entre as atletas, mas não foi isso que a Confederação Brasileira de Futebol fez. Primeiro aspecto: acho que foi uma atitude muito louvável da Confederação Brasileira. Segundo aspecto: esse dinheiro é para a despesa do feminino. Por exemplo, se você fez um contrato com uma atleta e ela vai ganhar 1.500 reais por mês, o clube recebendo esse dinheiro não atrasa o pagamento. E algumas atletas acharam que os 120 mil reais deveriam ser divididos entre o grupo. E aí foram na rádio reclamar, na televisão, que sem o devido conhecimento começou a ‘meter o pau’ na Confederação, que já está errado, não é para ‘meter o pau’ na Confederação. Se o time não pagou, quem tem que ser criticado é a equipe que não pagou. Mas o time não tem que dividir esse valor entre as jogadoras. Tem outras despesas, como da Casa de Atletas, de alimentação, de uniforme. A mídia está criticando a Confederação quando deveria elogiar. Agora o clube que não pagou o salário e recebeu R$ 120 mil está errado, aí tem que ser criticado.

EI: Existe a possibilidade de o futebol feminino não existir em 2020? Qual o pensamento daqueles que estão lidando com a possível volta do futebol feminino?

PP: Não. O futebol feminino está em crescimento. Pena que nós tivemos esse problema (paralisação devido à pandemia), mas está em uma fase muito boa. O Campeonato Brasileiro do ano passado foi muito bom, o Campeonato Paulista em uma final no Morumbi depois outra final na Arena Corinthians com um público extraordinário... Está em plena evolução. Pena que aconteceu esse problema, deu uma freada, e as Federações, junto com os órgãos governamentais, estão tratando do retorno. Estamos esperando uma posição para ver o que vai acontecer.

EI: Existia alguma ação planejada para o ano de 2020 que teve de ser cancelada por conta do coronavírus? Valores que tiveram que ser cortados?

PP: Acho mais difícil ter o Brasileiro, porque tem que liberar todos os Estados. O governo paulista, governo carioca, governo no Sul, Norte, Nordeste... É muito mais difícil. O Campeonato Paulista depende de o governo paulista liberar. Na última reunião da Federação Paulista, foi combinado que, quando liberar, será dado de 21 a 30 dias para as equipes se prepararem e aí começar o campeonato, que deve ser mais curto. Mas eu acredito no meu coração que, se Deus quiser, em agosto nós teremos o Campeonato Paulista.

EI: Você acha que alguns clubes podem extinguir o futebol feminino, dando prioridade ao masculino?

PP: Acontece o seguinte: a equipe, pela FIFA, pela Sul-Americana e pela Confederação Brasileira, tem que ter o feminino agora para disputar qualquer competição Sul-Americana. Vamos supor que o Corinthians se classifica para a Libertadores. Se não tiver feminino, ele não disputa. Palmeiras, São Paulo... Por isso que eles formaram, né. De repente, uma equipe humilde do Campeonato Paulista que não tem futebol profissional, pode ser que pare com o feminino. Mas com essa lei da FIFA da obrigatoriedade de ter o feminino para os clubes grandes, se você pegar a relação do Brasileiro, tem uma série de clube de camisas.

EI: No caso da Portuguesa, como que está sendo esse tempo de paralisação? O que a diretoria tem passado para vocês? E o posicionamento das atletas?

PP: Na Portuguesa, o Castanheira, que é nosso presidente, se preocupa, telefona, pergunta como foi a reunião... Há essa preocupação que não havia no passado. A Portuguesa esse ano, pelo centenário, prometeu que arrumaria também um patrocínio para o feminino, porque de ano para ano a despesa está aumentando. Hoje você pega uma folha de pagamento dos clubes grandes no feminino, é igual ou maior que a folha de pagamento que a Série A2 do Campeonato Paulista em muitas equipes profissionais masculinas. Vai aumentando. Está valorizando o futebol feminino, as jogadoras se valorizam, então tem que ir atrás de patrocinadores. Estamos aguardando. A Portuguesa é a equipe que mais disputou Campeonato Paulista, são 11 anos seguidos e eu tive a felicidade de estar nos 10 mais esse ano. Acho que sou o técnico mais velho de idade e de Campeonato Paulista, consecutivamente.

EI: Como que a Federação Paulista ajuda os clubes de São Paulo? E qual a importância da Federação Paulista, como exemplo, para outras federações?

PP: Na verdade, temos que ir devagarinho. Não dá para pular do dois pro quatro, do quatro pro sete. Então a Federação ano a ano vem melhorando a situação. Por exemplo, ninguém ganha nada da Federação financeiramente. Esse ano que a Federação ia dar uma ajuda financeira, para ajudar nas despesas com 10 mil reais no mês de abril, no início do campeonato, não mensalmente, ia ajudar com médico, com ambulância, que é uma despesa considerável, aconteceu tudo isso e a Federação perdeu a verba incentivada. Então o Reinaldo (presidente da FPF) explicou que não iria ter mais nenhum tipo de ajuda esse ano. E é difícil para os clubes. Não para os que estão no Brasileiro com jogadoras registradas, como o Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos, Ferroviária. Para as outras equipes que têm uma parte do pagamento pela Prefeitura, Taubaté e São José, e outra parte pelo pelos patrocinadores, porque a prefeitura cortou metade da verba. As outras equipes são só patrocinadores: Portuguesa, Piracicaba, Francana... A Francana também tem uma parte da prefeitura. A Federação não cobra arbitragem, que já é uma boa ajuda, mas esse ano, como nos anos anteriores também, nunca deu nada. No ano passado e retrasado, na segunda fase, pagou médico e ambulância. Para ter ideia, quando joga em casa é obrigado a ter dois médicos e ambulância com UTI, e gasta 2 mil reais para um jogo. Por enquanto, então, não está tendo essa ajuda, mas acredito que ano para ano vai crescendo e melhorando, tem que ter paciência.

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