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Futebol Brasileiro

Nos 118 anos do Fluminense, Digão relembra bastidores do Time de Guerreiros de 2009 e títulos de 2010 e 2012

Zagueiro conta bastidores das preleções de Cuca em 2009 e tensão no pouso forçado no voo de volta ao conquistar o título de 2012 

Digão fez parte dos momentos mais marcantes da história recente do Fluminense
Digão fez parte dos momentos mais marcantes da história recente do Fluminense - Lucas Merçon (Lucas Merçon / Fluminense FC)

Por Aline Nastari

21 de julho de 2020, hoje o Fluminense completa 118 anos. Para comemorar a data conversamos com um jogador que esteve presente nos momentos mais marcantes da história recente do clube. Digão é cria de Xerém, subiu para o profissional em 2008, esteve no Time de Guerreiros em 2009 e nos títulos Brasileiros em 2010 e 2012. Em entrevista ao “Fora de Jogo”, o zagueiro contou os bastidores dessas conquistas e destacou a importância de Cuca, Muricy e Abel em cada uma dessas passagens

2009 – Permanência na série A: mais que um título

Em 2009, o Fluminense tinha, segundo matemáticos, 99% de chance de ser rebaixado, os críticos já afirmavam que não tinha mais solução. Mas em campo a história foi diferente e por mais que tivesse feito parte do elenco nos títulos de 2010 e 2012, Digão escolhe a volta por cima desse ano como o momento mais marcante que passou no clube.

“Jogadores são marcados por títulos, mas o que substitui o título foi a permanência de 2009. Dificilmente vai acontecer de novo no futebol. Foi muito adverso. Conseguimos reverter e aquilo foi muito louco, foi muito legal no fim, todo mundo esgotado, mas com sensação de dever cumprido. Torcida abraçou o time, lembro do jogo contra o Palmeiras no Maracanã, quase 70 mil pessoas, o Palmeiras era líder e vencemos. 2009 foi o momento mais marcante com a camisa do Fluminense”, confessa.

O Tricolor fez uma campanha incrível nas últimas 11 partidas, sem perder nenhum jogo. Foram sete vitórias e quatro empates. Até o placar de 1x1 contra o Coritiba na última rodada no Couto Pereira que selou a permanência na série A .

“Nunca desacreditamos que era possível. Mas todo mundo falava que não tinha chance. A gente acreditou até o final, enquanto tinha 1% a gente acreditou. O principal foi a chegada do Cuca. Ele passou confiança, teve peito de colocar os garotos para jogar. Aquela permanência tem o dedo do Cuca, ele abraçou a causa. Tinha menino de 18, 19 anos, eu tinha de 19 para 20. Não é fácil, o time para cair e ele assumiu a bronca. Foi muito legal”, lembrou.

Em meio a uma reta final intensa, Digão escolheu uma partida como fundamental para a virada de chave na cabeça dele, o momento que ele percebeu que o clube não iria para a série B, a partida contra o Cruzeiro.

“O jogo que eu falei que a gente não cairia mais foi contra o Cruzeiro. Tomamos 2, teve pênalti perdido pelo Cruzeiro no Mineirão, com mais de 50 mil pessoas, tomamos de 2 a 0 no primeiro tempo, pênalti perdido, pensei que seria chocolate e que não teria mais jeito. Voltamos do intervalo, o Cuca tirou um volante ou um meia e me colocou como terceiro zagueiro para marcar o Guerron e colocou o Tartá de ala esquerda. Olhei para o Tartá e falei: esse cara é maluco, perdendo de 2x0 e ele vai colocar um zagueiro, deve estar louco. Ele só falou para eu marcar o Guerron. Ficamos postados bem ali, o Fred marcou dois gols e depois viramos. Depois desse jogo eu tive a certeza que não iríamos mais cair. A situação era totalmente adversa. O Cruzeiro tinha um timaço. Ali começou a dar o gás”, revelou.

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2010 - Não de Muricy à seleção e título brasileiro

Em 2010, o clube conquistou o Brasileirão em ano que muitos jogadores importantes sofreram com lesões, Fred foi um deles. Digão também sofreu uma lesão séria no tornozelo em 2010. Um ano que a estrutura das Laranjeiras foi muito questionada, o clube ainda não tinha um Centro de Treinamento.

“A lesão não tem como controlar, ela acontece, não lembro da lesão do Fred, a minha foi fratura, mais grave, não consegui ter uma sequência boa, voltei no finalzinho. 2010 teve um começo difícil, mas no final conseguimos um título maluco no último jogo contra o Guarani, mas com todas as dificuldades conseguimos o título.

Os destaques da conquista foram o argentino Conca e o técnico Muricy Ramalho que na ocasião chegou a negar o cargo de técnico da seleção brasileira para cumprir seu contrato com o Fluminense.

“Para gente foi marcante pelo fato dele rejeitar a seleção brasileira para ficar no Fluminense. Ali a gente viu que ele estava junto mesmo na causa, tanto que deu o que deu no final, o título. O Muricy sempre foi um cara muito sério, tanto que se tornou esse cara vencedor que eu admiro bastante, para rejeitar a seleção é porque ele confiava muito que o clube que ele estava chegaria a algum lugar”, disse.

2012 A importância de Fred e tensão no vôo de volta após conquista do título

Já recuperado da lesão, em 2012 Digão pode participar de mais jogos pelo Fluminense. Esteve em 17 jogos dos 38 do Campeonato Brasileiro, conquistado pelo tricolor. Mas pra Digão aquela conquista teve dois grandes responsáveis: Abel Braga e Fred.

“O time era muito bom e o Abel era um paizão para gente. Abraçava tudo que você imaginar. Abel foi um pai para o Deco, supercampeão, para todo mundo. O Abel foi o cara que conseguiu botar o time no trilho. E a fase do Fred precisa nem comentar. A bola sobrava e ele guardava. Era todo jogo. A gente sofria marcando, sobrava uma bola e ele guardava. Cavalieri também estava em uma fase espetacular. A gente marcava lá atrás, mas sabia que o Fred ia marcar lá na frente”, comentou.

Um episódio marcante daquela conquista foi a volta de Presidente Prudente em voo fretado. O time voltava com a Taça de campeão, mas uma pane no avião obrigou pouso forçado, a situação foi tão tensa que o técnico Abel Braga sequer foi para as Laranjeiras comemorar com a torcida, resolveu ir direto para casa.

“A ida foi super tranquila em voo fretado. A volta com título, farra, aquele clima legal, tomando um negocinho. Para pousar no Rio, a aeromoça se sentou do meu lado. Eu, o avião balança um pouquinho e eu já começo a suar. Quando ela sentou eu perguntei se estava bem... e ela séria. Todo mundo sem camisa, uma zoeira total. Perguntei de novo se estava tudo bem e ela disse que não. Depois o piloto anunciou que olhou no painel e disse que não sabia se o trem de pouso tinha descido e que faríamos um pouso forçado. Pensei: campeão brasileiro e vamos morrer. Deu umas três voltas no Galeão para queimar combustível. Todo mundo em posição de impacto. Aí começou... todo mundo rezando... Quando pousou, o trem de pouso estava lá, foi tranquilo. Era um avião antigo e não dava para ver se estava lá. Quando olhamos pela janela, já tinha carro de bombeiro esperando o avião pegar fogo. Foi muito tenso. Naquele momento não tinha ateu, gente rezando, orando, foi muito louco”, contou.

Qual técnico mais responsável pelo resultado conquistado: Cuca, Muricy ou Abel Braga?

Colocamos Digão em uma saia justa. Fizemos o zagueiro escolher qual técnico foi mais fundamental para atingir os resultados desses momentos históricos. O escolhido foi Cuca pelas atuações no extra-campo.

“Pela dificuldade, foi mais em 2009. Voto no Cuca por tudo que ele fez, não só pelo dentro de campo. Ele conseguia levar família no vestiário antes dos jogos, ver seu filho ali. Fazia tudo isso, colocava cartazes no Maracanã, você chegava para jogar e cada lugar tinha a mão da sua filha, frases, um cara que gosta de incentivar. Mas o Muricy e o Abel são caras que adoro. Foram importantes demais. Mas pela situação, voto no Cuca em 2009. Teve outra em uma preleção no hotel que no final ele pediu para o auxiliar abrir a porta e todas as famílias entraram, causou aquele arrepio e emoção nos jogadores, fomos para o jogo de outra forma, isso mexe muito com o sentimental e o Cuca tem muito disso”, relembrou.

2020 – Carinho pelo Fluminense

Por tudo que viveu no clube Digão escolheu voltar, primeiro emprestado pelo Cruzeiro e agora com contrato renovado até 2022 com o Tricolor.

“Abri mão de uma proposta muito boa de um clube do Brasil. Não me arrependo. Sou feliz aqui. O que eu sinto pelo Fluminense é gratidão eterna”, disse.

O jogador além de líder do grupo representa a lembrança de um passado de sucesso. E nessa data desejou parabéns ao clube e aproveitou para mandar um recado ao torcedor.

“Dar os parabéns para um clube de tanta tradição e glória e eu tenho o prazer de participar um pouco dessa história. Minha palavra é gratidão, sou grato por tudo que o Fluminense fez por mim e essa gratidão vai ser eterna. O que tenho a falar pro torcedor é que continue nos abraçando, tenho certeza que juntos faremos o Fluminense cada vez mais fortes, tenho certeza que em dezembro estaremos coisas boas. Saudações tricolores”, finalizou.

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