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O futebol na Alemanha é só uma parte importante da vida cotidiana

Clima no país é de celebração contida por conta da volta da Bundesliga

Bola da Bundesliga é higienizada durante a partida entre Werder Bremen e Bayer Leverkusen
Bola da Bundesliga é higienizada durante a partida entre Werder Bremen e Bayer Leverkusen - Stuart Franklin (2020 Getty Images, Getty Images Europe)

Por João Vereza

“O futebol na Alemanha não vem antes do resto, vem com o resto”.

Essa frase foi dita por Tatiana Mantovani, correspondente do Esporte Interativo em Madri, durante o MFM Debate da última segunda-feira. Poucas horas depois, a Bundesliga encerrava sua 26ª rodada (a rodada que retomou o futebol em alto nível no planeta), com a vitória do Bayer Leverkusen sobre o Werder Bremen.

Por si só, toda a rodada na Alemanha tem um simbolismo ímpar no atual cenário mundial. É um sopro de esperança; exemplo a ser seguido; entretenimento e alívio em um momento tão difícil… Significa tanto, que o país foi o centro das atenções no último final de semana.

Aqui no Brasil, em âmbito esportivo, só se falou da Bundesliga no final de semana. Em entrevista ao Die Welt, Fredi Bobic, diretor esportivo do Eintracht Frankfurt, deu o tom do cenário vivido no país da Bundesliga nos últimos dias: “Todo o mundo do esporte está olhando para nós. Todos querem saber como fazemos isso”.

Mas e na própria Alemanha, só se falou em Bundesliga? Sim, claro. Mas não só disso.

Jogadores do Borussia Dortmund comemoram em frente à Muralha Amarela vazia - Fonte: Getty Images
Jogadores do Borussia Dortmund comemoram em frente à Muralha Amarela vazia - Fonte: Getty Images

A Alemanha não colocou o futebol como prioridade em sua agenda de retomada à “vida normal”. Ele é parte (importante) de uma fase em que a sociedade começa a se readaptar junto a um inimigo que ainda existe, gera preocupação, mas está de certa forma controlado (até a tarde do último dia 21 de maio, o país somava 179 mil casos, com 158 mil recuperados e 8.277 mil mortes - letalidade em cerca de 4,5%).

As estatísticas nortearam as medidas do governo alemão, que ajudaram o país a passar longe de ser um dos focos principais do vírus na Europa. Mesmo no pior momento, os alemães ainda conseguiam seguir com a vida mais próxima à normalidade que outros países, fato que por si só ajuda a entender o pioneirismo germânico na retomada do futebol.

“Eu sei que a quarentena na Alemanha nunca foi dura como na Espanha, Itália ou França. Eu, por exemplo, trabalhei em meus projetos como gerente de construção como antigamente. Meus colegas fizeram seus trabalhos de casa”, diz Patrick Ritterbach, nascido e criado na cidade de Colônia e torcedor da equipe de mesmo nome.

Desde o dia 11 de maio, a coisa melhorou um pouco. Comércios reabriram respeitando regras como número limitado de clientes, distância de 1,5 m de distância e uso de máscaras; reunião de membros de até duas famílias está permitida; e escolas estão recebendo alunos em um sistema de turnos.

“Reabriu muita coisa aqui. Não foi só o futebol (que voltou). Eles estão em teste ainda. Observando como ficam as coisas. Por enquanto está sob controle. No dia do jogo do Eintracht, de fato, havia muitas pessoas com a camisa do clube pela rua. Também é comum ver gente com máscara do time”, conta Guilherme Romar, brasileiro que vive em Frankfurt, região central da Alemanha. “A animação parecia maior com a volta do comércio do que com o jogo”.

Estabelecimento em Frankfurt transmite a partida entre Eintracht e Mönchengladbach - Fonte: Getty Images
Estabelecimento em Frankfurt transmite a partida entre Eintracht e Mönchengladbach - Fonte: Getty Images

Patrick conta que “o mais difícil foi o fechamento de todos os restaurantes e bares”. Contudo,mais importante que o futebol voltar, é a vida cotidiana começar a seguir seus rumos normais. E o que seria o futebol em países como Alemanha, Brasil, Argentina ou Inglaterra, se não parte da vida cotidiana?

O importante agora é que na Alemanha, a flexibilidade existe, mesmo que uma forma bem diferente. Algo que vimos no último final de semana com o retorno da bola rolando, porém sem a torcida nas arquibancadas da primeira e segunda divisão do futebol alemão - e sob um amplo e forte protocolo de higiene. Sob os mesmos moldes, a terceira divisão masculina e o Bundesliga feminina irão reiniciar suas atividades entre os dias 29 e 30 de maio.

Longe da aglomeração dos estádios e seus entornos, a TV foi uma grande protagonista do último final de semana. As partidas que se iniciaram às 10h30 do último sábado alcançaram um recorde de audiência no país, somando 3,8 milhões de espectadores na Sky Alemanha.

No entanto, Patrick diz que, pelo menos na cidade de Colônia, a expectativa era de certa forma tranquila quanto ao retorno da Bundesliga:

“Estava relativamente relaxado até começar. Mas claro que tive que assistir ao jogo do meu time, é como um vício. Não posso dizer tanto que a expectativa poderia ser vista nas ruas, mas com certeza tinha em casa, nas TVs”.

Jogadores do Colônia comemoram gol seguindo protocolo definido pela Bundesliga - Fonte: Getty Images
Jogadores do Colônia comemoram gol seguindo protocolo definido pela Bundesliga - Fonte: Getty Images

Sucesso de audiência. E de público, por que não? Se não podem colocar 80 mil pessoas no Signal Iduna Park, por exemplo, existem milhões e milhões de olhos vidrados na tela, pulsando como a Muralha Amarela.

Sem dar tanto na cara, com profissionalismo e cuidado, a Alemanha se tornou a capital do futebol mundial neste mês. Mas é preciso lembrar e perceber que para este povo, o futebol (só) é parte (importante) da vida.

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