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Roberto Carlos: 'Ficar em casa o dia todo está me deixando louco'

Em texto emocionante ao site "The Players' Tribune", o ídolo do Real Madrid falou sobre a perda do ex-presidente do clube em decorrência do novo coronavírus

Roberto Carlos of Real Madrid
Roberto Carlos of Real Madrid - Shaun Botterill (2004 Getty Images, Getty Images Europe)

Por Redação do Esporte Interativo

Roberto Carlos é um dos grandes ídolos da história do Real Madrid e tem história para contar. Algumas delas foram parar nesta sexta (17) no site 'The Players' Tribune', em um texto de autoria própria, onde o ex-jogador contou um pouco de sua experiência com a quarentena por conta do novo coronavírus na cidade de Madri. Além disso, o jogador relembrou o carinho pelo ex-presidente merengue, Lorenzo Sanz, falecido justamente em decorrência da doença, no dia 21 de março, e revelou seus momentos mais felizes com a camisa do time espanhol.

Confira alguns trechos:

"Neste exato momento, no entanto, como a maioria das pessoas, não posso trabalhar. No último mês, saí de casa duas vezes – e somente para ir ao supermercado. Ficar em casa o dia todo está me deixando louco, quase me fazendo subir pelas paredes. Mas, por agora, é a única coisa certa a fazer.

Nas duas ocasiões em que saí, olhei em volta e mal reconheci minha cidade. Em qualquer dia normal de Madri, você vai ver idosos caminhando ao sol, crianças correndo ao redor, famílias e amigos sentados em mesas do lado de fora de bares e restaurantes. Tudo o que você pode desejar na vida, você encontra em Madri: sol, esportes, cultura, vida noturna, comida … principalmente comida! É um mundo diferente. E as pessoas aqui sabem como se divertir. Eles sabem como viver a boa vida, sabe?

Mas agora tudo isso se foi. As ruas estão completamente vazias.

Eu nunca vi Madri assim.

Pessoalmente, o vírus não me afetou. Minha família e eu somos saudáveis. Mas me sinto triste pelas famílias daqueles que morreram. Eu conheço alguns deles. Como você deve ter visto nas notícias, no último mês, o vírus tirou a vida de Lorenzo Sanz, ex-presidente do Real Madrid. Ele foi o homem que me trouxe para o clube. Ele tinha 76 anos. Quando soube que ele havia pegado o vírus, eu rezei para que ele se recuperasse. Mas eu também sabia que ele estava doente há um tempo, e no final o vírus foi uma das muitas coisas que o levaram embora.

Ficar em casa o dia todo está me deixando louco, quase me fazendo subir pelas paredes. Mas, por agora, é a única coisa certa a fazer.

A simples lembrança de Lorenzo me faz sorrir. Embora ele fosse o presidente, ele era acima de tudo um torcedor. Ele viveu pelo Real Madrid. Ele sempre esteve muito envolvido, sempre conosco nos vestiários. Quando empatávamos ou perdíamos, ele nos deixava a sós. Mas quando ganhávamos títulos, ele era o primeiro a nos abraçar. Nós o amávamos por suas qualidades humanas, por seu otimismo, por tudo que ele estava fazendo para madridismo. Ele era como um pai para nós.

Eu estava em contato com ele diariamente. Ele sempre me dava conselhos. Eu nunca conseguia chamá-lo de Lorenzo Sanz, mesmo que eu tentasse! Para mim, ele sempre foi Presidente, ou Presi.

(...)

Quase dois anos depois da minha chegada, estávamos prestes a jogar com a Juventus a final da Liga dos Campeões. Como todos sabemos, o Real Madrid tinha – e ainda tem – o maior número de títulos na história da competição, mas naquela época nós não a conquistávamos há 32 anos. Tínhamos disputado a Liga naquela temporada. A Juve estava na final pelo terceiro ano consecutivo. Nós não entramos no jogo como favoritos.

Na noite anterior à final, nenhum de nós conseguiu dormir. Normalmente, íamos dormir às 22h, mas naquela noite estávamos sentados no saguão do hotel às quatro da manhã, contando histórias um para o outro. Não tínhamos medo, apenas tínhamos muito respeito pela Juve. E estávamos ansiosos para o jogo começar.

Disputamos muito bem aquela final. A Juve teve muitas chances, mas vencemos por 1-0. Vencemos esse jogo não apenas com a nossa qualidade, mas com a nossa motivação. Queríamos mais do que eles. (...) Se eu tivesse que escolher um momento favorito do meu tempo no Real Madrid, seria essa conquista.

(...)

Vencemos a Liga dos Campeões mais duas vezes, em 2000 e 2002. E ainda é difícil para mim lembrar de todos os detalhes. Quando você joga para um clube como o Real Madrid, sempre tem que ficar no presente, porque tudo é muito intenso: os piques, as cabeçadas, as roubadas de bola, os treinamentos, as viagens para o exterior, os hotéis. As vitórias e as derrotas.

Somente no dia em que parei de jogar pelo Real Madrid percebi o que havia alcançado.

(...)

Agora temos que continuar trabalhando juntos. Ao ficar em casa, todos lutamos juntos contra esse vírus, para que as coisas voltem ao normal o mais rápido possível. Como muitos, sinto falta do futebol e estou ansioso pelo dia em que o Real Madrid possa retornar a Cibeles com outro título.

Mas agora, eu só quero ver as pessoas de volta às ruas novamente.

Essa é a vitória pela qual todos estamos lutando."

Confira o texto na íntegra no site do 'The Players' Tribune'.

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